sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

minha retrospectiva

Que jornada foi 2011. Fui de Jeri a Nova York. No meio do caminho, passei por Recife, Orlando, São Paulo. Tropecei em algumas pedras, encarei um Sol de queimar retinas, achei uma sombra para me abrigar, descobri um tesouro e vou tentar seguir o mapa da mina. Uma Pessoa Inteligente vive dizendo que não tenho noção do poder que tenho. Está aí um bom desafio para 2012, não?

Neste ano, resolvi que ia deixar as imagens falarem por mim na minha retrospectiva:



Então, o que me resta dizer?

Feliz 2012, gente!



p.s.: O "meu nunca" que aparece na minha "performance" ao som de Alanis Morissette tem origem neste blog aqui.

p.p.s.: Não deu para inserir o vídeo com as filmagens de NYC, porque Miss Independent não dura para sempre, rs, mas aqui está o pedaço que ficou de fora na edição final.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Desfragmentos


Um dia, descobriu que não gostava daquela imagem. Resolveu que ia desmontar o quebra-cabeças. Para celebrar a decisão, desafiaria seus limites por cada peça que descartasse. Pegou as chaves de casa, calçou os sapatos e saiu para o mundo com a gravura de quinhentos pedaços e um compromisso.

Então quinhentos atos de loucura preencheram seus dias. Girou o Sol em pés descalços. Uma peça a menos. À deriva, cantou estrelas num mar morno. Outra peça a menos. Brincou de fada na esquina de um sonho. Lá se foi outro pedaço do quebra-cabeças.

Enfim, restou apenas uma peça, guardada em sua mão. Hora de dizer adeus. Só precisava descobrir como.

Caminhou no pé ligeiro. Vida não espera. Apertou a peça contra a palma da mão e sentiu a resposta. Vai. Atravessou a rua. Subiu a calçada. Passou uma árvore e uma borboleta. Acompanhou o quarteirão. No fim, deu de cara com Ele. Ele, que a olhou nos olhos. Ele, que mostrou uma peça de quebra-cabeça (a última também!), jogou-a por cima do ombro, inclinou-se e beijou-a nos lábios.

Foi no tempo certo. Ele se afastou e esperou. Ela sorriu, rodando entre os dedos a sua peça e um pensamento. O olho brilhou quando entendeu. Deixou cair o último fragmento quando se aproximou dEle e apresentou o beijo que era seu.

Porque podia dizer não, dissera sim.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Existe coisa melhor do que amizade?

Por causa de um momento de indecisão, dei três voltas na rotatória da Praça Portugal certa vez. Fazer o quê? Acontece. Pelo menos comigo, acontece.

Ontem, ao chegar da miniviagem à Itacity (como dizem minhas primas), encontrei as seguintes mensagens no Facebook:

(fica mais nítido se você clicar na imagem)


Existe coisa melhor do que amizade? No presente momento, digo que não. Agora, right now, meu coração se expande pela alegria de ter essas amigas lindas na minha vida. Às vezes, sou daquelas pessoas que funcionam como se gastassem a vida a olhar vitrines. Ah, se eu tivesse. Ah, se eu pudesse. Sabe aqueles filmes de comédia romântica em que várias amigas saem para comer, festejar, comprar? Sabe Friends e Sex and the City? Pois é, houve uma época em que assistia e pensava, ah, se eu tivesse, ah, se eu pudesse.

Na verdade, o que me ocorre agora é que sempre tive boas amizades. Marcos, Walmir e Bebel são meus companheiros já de muito tempo. A distância e a rotina fundamentalmente diferente da minha é que não nos permite um contato mais contínuo, mas sei que estão sempre comigo. A diferença é que Helminha, Pri e Sandrinha pegaram a fase Miss Independent da Ana Raquel aqui. Então todos aqueles programas de amigas, e.g., comer, festejar e comprar, são feitos com elas. E adoro!

Neste ano, constatei que nossa maior riqueza são as relações humanas. Graças ao 2011 que finda e que me faz refletir sobre o que passou, agradeço publicamente pelos momentos de felicidade que meus amigos me proporcionaram. Pelas risadas, pelas viagens, pelas praias, pelas conversas na vida real e virtual, pelas piadas internas (2 + 2 = 4! jura! óbvio!, e o troféu caranguejo vai pra quem, hein?), pela vida que vocês me dão. Quando o dia é cinza, vocês são o meu interruptor num quarto escuro. Quando o dia é azul, vocês são minha trilha sonora.

Assim, deixo aqui meu registro de gratidão para um bocado de gente, principalmente aqueles com quem troco emails e textos impublicáveis, ;o). A turma que recebeu Minha Propaganda do MasterCard está incluída aqui, tá? Há tantos outros amigos, mas tive medo de fazer uma lista e esquecer alguém. Só saibam, queridos, que, se vocês estão na minha vida, me sinto grata por tê-los.

Beijo para todos.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Os filmes de 2011

Eis que 2011 vai chegando ao fim, e se torna inevitável olhar para trás. Hoje esse olhar vasculhou os filmes que foram exibidos neste ano. Conversando com um amigo, descobri que deixei uns bons escaparem, enquanto assisti a outros que não valiam meu tempo. De qualquer forma, deu para fazer uma listinha:

O mais tosco: Conan, O Bárbaro. Fui ao cinema somente pela companhia dos amigos. O filme conseguiu ser pior do que eu esperava. Parafraseando a Isabela Boscov da Veja, pior cena de dedo no nariz ever.

O mais tenso: Santuário. Fiquei angustiada o filme inteiro. Sei de antemão que nunca vou ser mergulhadora.

O mais perturbador: Dois filmes se encaixam nessa categoria. O primeiro é Cisne Negro. O longa foi um espelho da sombra que já fui, sem falar que cutucou a ferida da mania de perfeição. O segundo é Melancolia, pelo impacto que teve e pela reflexão que trouxe.

O mais enigmático: A Árvore da Vida. Até a presente data, continuo sem saber se gostei.

O mais bittersweet: Harry Potter e as Relíquias da Morte - parte II. O fim. Preciso dizer mais? Por anos esperei ansiosamente a estreia dos filmes e os lançamentos em DVD. Harry Potter está na minha estante de livros, no meu armário de DVD e em cima da minha mesinha da sala (tenho a Varinha das Varinhas!).

O mais eu: Enrolados. Vivo cantando a música, vivo convidando amigas para vê-lo comigo. Há uma mensagem linda sobre sair da torre (no caso da Rapunzel) ou da redoma (no meu caso). Por causa da minha história de vida, Enrolados ressoa, e o faz profundamente. Não perturba como Cisne Negro porque: a) tem final feliz; b) é fofo e romântico; c) é Disney!, rs. Mas que é um filme que mostra mais do que os olhos veem, lá isso é.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

domingo, 11 de dezembro de 2011

Por não ter o que falar

Estou ligeiramente preocupada com este meu cantinho aqui. Marasmo total no Reflexos, e o pior é que não é por falta de ideias. O problema é que ando estancando em alguns textos: há dois em stand by no momento. Também estou engajada na tarefa de elaborar a retrospectiva que será postada aqui. Sem falar que Facebook anda sendo um vício de novo. Além disso, um livro me espera para relê-lo e outro para terminá-lo. Por fim, a vida está mais preenchida do que esperava para este fim de ano.

No momento, posso falar de um pensamento que circulou aleatoriamente na minha cabeça. Postei no Face que havia me dado conta de que comecei a viver minha vida tarde. Isso é verdade. Um dia desses, investigando mais uma vez meu passado, revi a redoma que habitei durante tantos anos em virtude de falsas crenças e condicionamentos. Esse texto da Silmara Franco me lembra esse período. Fui plastificada. Que nem minhas bonecas, com que brincava cuidadosamente para não quebrar e assim durar.

A boa notícia é que, se comecei a viver tarde, pelo menos não foi tarde demais. Pensei no tanto, mas no tanto de coisas que quero fazer e suspirei aliviada. Dá tempo (eu acho). Provavelmente vou continuar por um ano sem mobiliar meu apartamento mais a meu gosto, mas já assumi minha inversão de prioridades. Afinal, mais duas viagens para o exterior estão na pauta de 2012.

Por falar em viagem, aproveitando que estou num fluxo de consciência só, ainda me encanto com a de Nova York. Tanta coisa que poderia ter dado errado e deu tudo tão certo. Até meus dias de férias se encaixaram como uma luva. Ali foi a prova do que uma amiga me disse. A gente se esquece de que coisas boas acontecem na nossa vida. Como acontecem.

Aliás, às vezes me encanto com a vida e com as pessoas. Tanta gente boa nesse mundo. Tantas possibilidades nessa vida. Por que é mesmo que a gente se perde no meio do caminho? Por que é mesmo que a gente cria uma zona de conforto, se o que é melhor para a gente sempre está fora dela?

E... para ilustrar o mal de que padeço no momento, aqui estanco. Pode ser que amanhã eu consiga retornar e retomar este post. Caso contrário, deixo aqui minha explicação.

Boa madrugada.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Melancolia

Mais do que nunca, só leia este post se já houver assistido ao filme. Além de spoilers, não consegui costurar uma sinopse dentro do meu texto. Quem quiser saber mais, clique aqui.

Melancolia terminou e tive dificuldade de me levantar da cadeira do cinema. A inércia se devia em parte, reconheço, à náusea que me ameaçou o tempo inteiro durante a projeção. Se aquele é o estilo usual de Lars von Trier de filmar, suas obras deveriam conter um aviso para prevenir quem, assim como eu, enjoa até em viagem de carro.

Mas é claro que fiquei paralisada também pela força do filme. Houve um diálogo entre Justine e o noivo que me deixou suspensa durante todo o longa e me assombrou o resto do final de semana. De resto, o filme inteiro me foi tão impactante quanto o próprio planeta Melancolia.

Porque, no fim, acredito que é disso que trata o filme: de deixar-se impactar pela melancolia. Desconfiei um pouco de minha conclusão, pois me parece ligeiramente simplista, mas a ameaça de colisão de Melancolia com a Terra nada mais é do que a metáfora para a sujeição a esse sentimento que nos acomete. Enquanto assistia ao filme, sempre me vinha à mente como, na língua inglesa, o verbo strike é empregado tanto para se referir literalmente a uma colisão (para aproveitar o enredo do longa, The planet Melancholia will strike the Earth) quanto a ser atingido por uma emoção (e.g. Melancholia struck Justine the minute her mother opened her mouth).

E eis que a melancolia realmente atinge todos. Justine e ela já são velhas conhecidas. Espíritos afins, como me pareceu sugerir aquela cena em que a personagem de Dunst se banha da luz do planeta. É curioso ver que, a partir do momento em que Melancolia se aproxima da Terra, os outros saem de suas órbitas ao se renderem ao medo, mas é Justine que permanece centrada. Ela já conhece aquele mundo; somos nós que trepidamos ao sermos apresentados a ele.

Aparentemente, nada resiste à melancolia. Não é de forma alguma um prognóstico animador, mas não deixa de ser uma realidade, pelo menos enquanto estamos imersos no sentimento. Pelo pouco que li de von Triers, foi a realidade que ele viveu por algum tempo. Não o culpo por tentar dar vazão à sua angústia. Li uma resenha que comparava os filmes Melancolia e Árvore da Vida, e terminava por julgar este superior por não ser, digamos, niilista como aquele. Sinceramente, é uma questão de escolha sobre a que se atribui sentido. Podemos ter uma experiência positiva se entendemos, por exemplo, que a lição está em se fazer exatamente o contrário do que é mostrado na tela. Neste aspecto, Melancolia pode até ser pedagógico se compreendermos que não devemos agir como suas personagens.

O filme me pareceu quase um thriller. Fiquei impressionada como algo tão intimista pudesse me causar suspense. Durante a primeira parte, uma vez que acreditei fosse verdadeira a alegria em que Justine se encontrava no início da projeção, fiquei intrigada com as falas das personagens e com aquelas pequenas pistas. Quando Justine começa a sucumbir à tristeza, os diálogos sugerem algo que já estava lá, mas que não víamos, e pouco a pouco a depressão crônica de Justine é revelada. Kirsten Dunst é maravilhosa ao demonstrar isso apenas com o olhar.

Às vezes, a maioria das vezes na verdade, reluto muito em recomendar qualquer filme. É sempre uma questão de gosto e de história de vida, que tem de achar alguma ressonância naquilo que é projetado na tela de cinema para justificar a simpatia por uma obra. Não recomendo o filme de Lars von Trier sob hipótese alguma. Quem quiser vê-lo, faça por sua conta e risco. Por outro lado, ao contrário do que aconteceu com Árvore da Vida, pelo menos soube que gostei de Melancolia. Assistiria de novo se não fosse o medo da náusea... se bem que tenho sempre uma caixa de Dramin à mão. ;o)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A volta de uma bailarina que não foi, mas agora é

Enquanto não escrevo os dois posts que estão se formando aqui na cachola...



Arriscando voar.



Desafiando a quase labirintite, rs.

Depois de onze anos parada, o desafio da vez em relação ao meu retorno ao balé é tentar não ser perfeita e só curtir. Agora, não preciso mais oferecer resistência ao movimento.

A bailarina que não foi não sabia fazer isso. A bailarina que agora é sabe.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Fim de férias

As Bruxas de Eastwick. Jardim Botânico. Banho de chuva na Av. Paulista. Maratona Friends. Alto do Banespa. Centro de São Paulo. Outra maratona Friends, desta vez com pipoca.

Fim de férias com amigos.

Link
E mais uma vez constato que a verdadeira riqueza da vida está nas relações humanas.

domingo, 23 de outubro de 2011

Foi assim em NYC

Foi do nada. No feriado de 12 de outubro, estava na casa de amigos quando recebi o convite para viajar para Nova York. Bem pertinho, né? Viagenzinha básica. O preço das passagens estava baratíssimo, já tinha companhia garantida, mas faltava decidir a vida no trabalho. Telefonei para meu chefe, pedi desculpas por importuná-lo no feriado e perguntei se podia antecipar minhas férias. Quando ouvi o sim, bateu o friozinho na barriga. Não havia mais empecilho algum. Éramos somente eu e a decisão que eu queria tomar. A minha opção não poderia ser outra. Disse às amigas que iria.

O pequeno detalhe é que a viagem era dali a dois dias! Nunca fiz isso na vida, rs. Nunca viajei sem um mínimo de programação, sem hospedagem reservada, sem roupas lavadas para guardar na mala. Praticamente não dormi do dia 12 para o dia 13. Pela manhã, lembrei de uma coisa meio vagamente. Procurei entre meus livros e achei o que queria. Era o guia da Publifolha de Nova York. Naquele momento, a ficha caiu: sem nem querer, estava prestes a realizar um sonho. Eu possuía aquele guia porque sempre quis conhecer Nova York. Havia-o comprado talvez dois anos antes, tendo em mente que aquele seria o primeiro passo para, algum dia no futuro, visitar a Big Apple.

Então partimos na sexta, dia 14. Tirando aquelas horas intermináveis de voo, foi provavelmente a viagem mais divertida que fiz, tanto pelos companheiros (pessoas lindas) quanto pelos próprios imprevistos. Foi com emoção do começo ao fim, rs. E adorei! Parece que vivi um mês em uma semana.

Hoje me ocorreu que essa experiência guardava uma lição de vida para mim. Quando vivemos sem expectativas, dançando conforme a música, tudo corre bem porque aceitamos o que está sendo. A vida é o que ela está sendo. Não há necessidade de fazermos juízo de valor sobre os acontecimentos, rotulá-los de acertos ou fracassos. A expectativa que criamos é que dá base a esses julgamentos. Fui sem essa danada para NYC e aproveitei cada momento. Carreguei mala procurando hospedagem feliz da vida, peguei chuva sorrindo que nem doida, e fizemos loucuras sem nos importar com o que os outros pensavam.

Abaixo seguem fragmentos dessa semana inesquecível:

Minha placa favorita do Central Park. Imagino que a Margie deve ser uma dessas pessoas apaixonadas pela vida.


Tivemos sorte e pegamos o anoitecer no topo do Rockfeller Center.



Fazendo graça na Macy's. Lá comprei meu par de botas para a próxima viagem, rs.


Agora que a conheci, você já pode entrar em restauração, tá?


A caminho da Ponte do Brooklyn, encontrei esse achado. A noiva calçava um All Star vermelho que nem o meu.


Procurando uma peruca para a tia V.


A vista maravilhosa do Empire State Building.

E é isso. Nova York é linda. Adorei a mistura de prédios antigos e novos, que nunca é desarmônica. Na última noite, caminhava pela 7th Avenue com a amiga S., levando o jantar para o hotel e calçando minhas botas ;o), e comentei que estava me sentindo uma nova iorquina. Adoro quando a cidade que visito se torna familiar pra mim. Foi assim em NYC.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Por falar em ser criança

"Fulano tem o rei na barriga."

Toda vez que ouvia essa expressão, me perguntava por que o fulano havia desenhado um rei na barriga dele. Imaginava o fulano e sua pança, na qual ele pintara com tinta guache uma figura bonachona, com um chapéu de guinzos que nem o do bobo da corte. Parando para pensar, acho que o monarca da minha imaginação era o rei momo que saía nas propagandas de Carnaval da Globo.

Por falar em barriga, quando ia dormir, tinha o maior cuidado ao me virar na cama. Uma vez, minha mãe me leu uma história em que uma menina gordinha nunca se deitava de barriga pra cima para não esmagar o anjo da guarda dela. Aparentemente, anjos da guarda voam sempre pelas suas costas. Eu também não queria causar o mesmo dano ao meu: me virando de mansinho, ele tinha chance de sair do lugar.

Por falar em história, foram tantas que marcaram. No Jardim II, a Raquel Melo apareceu com um texto escrito e ilustrado pela mãe dela em folhas de papel almaço. A personagem era uma boneca vagalume. Eu tinha a boneca e queria a história também, mesmo que não soubesse ler. Pedi, pedi, aperreei, aperreei, e a mãe da Raquel me escreveu uma. Na primeira série, rolava a lenda da Perna Cabeluda, com que, um dia, o Davi e o Lucas Machado fizeram tanto medo ao Bruno Raphael, que ele gritou, assustou a tia Jucileide e a fez derrubar os cadernos que guardava no armário. Havia também a história daquela música horrivelmente fúnebre que a mamãe cantava pra mim e meu irmão (que não gosta de ouvi-la até hoje). E não há como esquecer aquele conto apresentado na aula de redação da segunda série, que era sobre uma coisa azul inominada, com formato de esfera, mas com uma saliência meio fálica, se me permitem. Aquilo me intriga até hoje. Que é que estavam nos passando para ler?

Por falar em segunda série, foi naquele tempo em que decidi que ia mudar. Acordei determinada. Escovei os dentes responsavelmente (acho que, nos outros dias, eu só fingia) e dei bom dia a todos que passaram por mim nos corredores do colégio, antes mesmo que eles me vissem. Não ia mais ser tímida! Anunciei um bom dia sonoro também pra tia Conceição quanto entrei na sala de aula. A mudança só durou um dia.

Por falar em higiene bucal, lembro que eu dificultava a vida dos meus pais nesse aspecto. Então, como incentivo, eles decidiram me comprar uma linda escova de dentes cor de rosa, com desenhinhos no cabo e cheirinho de tutti-frutti. Aí foi que eu não cuidei mesmo dos meus incisivos, caninos e molares, porque tinha pena de gastar a escova.

Por falar em tutti-frutti, eu não tive um amigo imaginário. Eu tive uma turma de amigas imaginárias, que era a Turma Tutti-Frutti. Subíamos até o segundo galho da goiabeira do parque grande ou até o primeiro galho da mangueira do parque médio, porque tínhamos medo de cair (no meu colégio, havia dois parques: o grande e o médio). É claro que eu era a líder. Vê se tem cabimento você imaginar uma turma de amigas e ainda não ser a chefe.

Por falar em ser líder, eu imaginava que minha vida era uma novela em que eu era a protagonista e os outros, mero coadjuvantes. Eu também brincava de ser professora e ensinava meu dever de casa para meus ursos de pelúcia e minhas bonecas maiores, Xuxa e Mônica.

Por falar em Mônica, a do Maurício de Sousa tinha o Sansão, mas eu tinha a Dalila, minha lancheira. Quando o André Brasil e o Tiago Bezerra me chamavam de Formiga Atômica, invariavelmente levavam a Dalila na cabeça. A Dalila machucava muito porque, apesar de ser um bolsinha leve da My Melody, ela guardava uma garrafa térmica cor de rosa. Era o lanche que eu mesma preparava pra o meu recreio: uma garrafa térmica de Guaraná Antarctica. Bem nutrida desse jeito, logo se vê por que cresci tanto.

Por falar em crescer... Hoje em dia, entendo que há duas crianças dentro de mim. Há uma criança ferida, que acumulou defesas e mágoas ao longo dos anos. Preciso deixá-la crescer para agir verdadeiramente como adulta. No entanto, há também uma criança feliz, que às vezes resgato lá do fundo de mim mesma. Essa não precisa crescer. Essa pode ser criança sempre, que é para eu me tornar uma adulta sempre maravilhada com a vida.

Feliz Dia da Criança para todos nós.



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os ensinamentos ficaram

Hoje em dia, qualquer homem ou mulher que enfrente um câncer tem minha admiração. Não que esse sentimento não existisse no passado, mas somente após o diagnóstico da minha tia comecei a entender mais concretamente o que essa doença significa na vida de uma pessoa.

Foi por isso que meu encanto por Steve Jobs cresceu. Por mais que gostasse da elegância e funcionalidade dos produtos da Apple, tecnologia não é minha área de interesse. Somente quando li uma matéria sobre o estado de saúde dele foi que Steve Jobs se personificou para mim como um ser humano admirável. Não sabia praticamente nada da vida dele, mas o fato era que o homem sofria de câncer e continuava vivendo. Era o que bastava.

Hoje vi pela primeira vez o tão aclamado discurso proferido na Universidade de Standford. Deu nó na garganta quando ele se referiu à doença como se ela já estivesse vencida. De resto, é mesmo um discurso fascinante e uma bela história de vida.



Minha passagem favorita (texto na íntegra aqui):
Reed College at that time offered perhaps the best calligraphy instruction in the country. Throughout the campus every poster, every label on every drawer, was beautifully hand calligraphed. Because I had dropped out and didn't have to take the normal classes, I decided to take a calligraphy class to learn how to do this. I learned about serif and san serif typefaces, about varying the amount of space between different letter combinations, about what makes great typography great. It was beautiful, historical, artistically subtle in a way that science can't capture, and I found it fascinating.

None of this had even a hope of any practical application in my life. But ten years later, when we were designing the first Macintosh computer, it all came back to me. And we designed it all into the Mac. It was the first computer with beautiful typography. If I had never dropped in on that single course in college, the Mac would have never had multiple typefaces or proportionally spaced fonts. And since Windows just copied the Mac, it's likely that no personal computer would have them. If I had never dropped out, I would have never dropped in on this calligraphy class, and personal computers might not have the wonderful typography that they do. Of course it was impossible to connect the dots looking forward when I was in college. But it was very, very clear looking backwards ten years later.

Again, you can't connect the dots looking forward; you can only connect them looking backwards. So you have to trust that the dots will somehow connect in your future. You have to trust in something — your gut, destiny, life, karma, whatever. This approach has never let me down, and it has made all the difference in my life.

Para uma pessoa de pouca fé como eu, rs, isso me parece o melhor e mais difícil conselho a ser seguido.

Não sei onde Steve Jobs está agora. Aliás, não sei se existe lugar ou estado para ele estar ou se existe ainda algum Steve Jobs para ser. Mas os ensinamentos ficaram.

p.s. Morri de rir com a alfinetada para o Bill Gates.
p.p.s.: Não sabia que Jobs foi criador da Pixar!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pobre Carrero World e uma metáfora para os relacionamentos

Começou quando vi Pobre Carrero World:



Engraçado, né? Sorrio toda vez que assisto.

No entanto, o vídeo acabou me trazendo uma questão séria. Lembrei o tempo em que pegava ônibus para ir para a faculdade ou para o trabalho. Um dia me ocorreu como era curioso que, pelo menos até a próxima parada, tantos estranhos tivessem em comum uma coisa: o mesmo destino.

E aí essa lembrança veio neste período em que participo das audiências de conciliação nos processos de Sistema Financeiro de Habitação. Pela primeira vez, vejo as pessoas que estão por trás daqueles processos sofridos contra a CEF. A experiência tem sido um verdadeiro observatório da condição humana. Dentre tantas coisas que presenciei somente nesta primeira semana, me chamou a atenção o caso de uma pessoa divorciada. Coube a ela ficar com o apartamento e a dívida. As amarguras eles dividiram entre si, creio eu.

Imaginei o que era estar no lugar daquela mulher. Como é quase cultural associar o casamento a um sucesso social, será que ela respirou aliviada quando se viu casada antes dos trinta anos? Será que ela pensou que era para sempre? Será que lhe faltou o chão quando viu que não seria?

O que ela fez quando o companheiro saltou do ônibus e ela permaneceu no veículo e o destino em comum que ela julgava longínquo só durou até aquela parada?

No final, isso me intriga. Cedo ou tarde, alguém sempre desce do ônibus antes do que o outro. Já vi um caso de os dois deixarem o veículo na mesma parada, apesar de não ser a que ambos queriam. Também testemunhei gente que não sai do ônibus de jeito algum e fica esperando por anos o outro subir de novo. Há ocasiões em que se pega o ônibus errado, e o jeito é saltar para não perder o caminho certo. Existe ainda quem sobe no ônibus que não devia pegar e só percebe tarde demais. E, por mais triste que seja, às vezes é a morte que leva consigo alguém e deixa outro alguém olhando pela janela, sem rumo, assistindo à saudade passar.

Invariavelmente, alguém sempre desce do ônibus. O destino em comum é interrompido. A expectativa não preenchida dói. O que aconteceu com o itinerário que se queria? Onde está o resto do caminho que ainda cabia na jornada? O que fazer com o caminho que resta?

Então percebo que o importante é saber que há outros ônibus para pegar.

Nem que se tenha de andar a pé um pouquinho.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

movimento pequenos prazeres

Que tal tentar?

Enumere três pequenos prazeres seus e indique quantos blogs quiser (se quiser) para continuar o movimento.

Por ora, meus três pequenos prazeres são:

1. Sentir cheiro de roupa lavada.
2. Ser surpreendida por borboletas nas ruas da cidade.
3. Ficar na cama depois de acordar.

Os blogs que indico são:

Just Breathe, da Lu

WAKE UP AND LIVE, do Bruno e da Lu

Galera_D, da galera (Garota_D e colaboradores)

Vida de Samira, da Giovanna

VILA DESATINO
, do Euclides

Repare o Tempo, do Henrique

Aqui está o vídeo que editei para a campanha:

sábado, 3 de setembro de 2011

Para que servem as religiões ou Desabafo de uma pessoa momentaneamente sem rumo

Em primeiríssimo lugar, apesar de ser algo bem óbvio, aviso que o que está neste post é somente minha opinião.

Hoje não possuo religião. Fui católica por um bom tempo, mas sempre me inquietava por não ter a fé que via nos meus familiares. Ia à missa todos os domingos, observava pessoas ajoelhadas num genuflexório olhando com fervor imagens, e não entendia por que não era daquele jeito comigo também. A não ser que estivesse em algum aperto, rezava mecanimente. Até que aconteceu algo na minha vida que me fez me sentir indigna de pedir qualquer coisa a Deus e então parei de rezar. Meses depois, enquanto estava no Treinamento Básico de Renascimento, percebi que espiritualidade era algo bem maior do que seguir uma igreja, e descobri que só era católica por causa de minha família. Foi com um aperto no estômago que anunciei à minha mãe que não iria mais à missa. O alarde foi bem menor do que esperei. Não sei bem o que isso significou para meus pais e meu irmão, mas me parecia que era aquele o caminho que eu devia percorrer.

Continuando com os trabalhos de Renascimento e Kyol Che, entrei em contanto com fundamentos que devem fazer parte de religiões orientais. Foi interessante. Descobri que preciso experienciar algo para acreditar (chamo isso de minha síndrome de são-tomemismo), e é possível experimentar através da meditação ou da respiração muitas coisas sobre que os orientais discursam. Porém, semprei estanquei no conceito de que vivemos várias vidas. Então percebi que, mesmo ali, eu não comprava o pacote inteiro.

Diante desse fato, ficou claro para mim que tudo o que eu fizesse naquelas linhas seria somente a título de terapia. Faço porque me faz me sentir bem e centrada. Leio livros de "guias espirituais" como livros terapêuticos. Para mim, religiões são formas de ver a vida e de conviver com o meio. E me questiono.

Me questiono se elas exigem mais do que podemos dar ou se negam nossa condição humana. Uma amiga minha foi diagnosticada com câncer recentemente. Não tenho dúvida de que a raiz da doença se encontre no casamento infeliz que vive, que ela provavelmente nunca desfez porque recebeu a orientação de que "o que Deus uniu o homem não separa". Pregar que temos de aguentar qualquer tipo de provação em nome de uma união realizada perante um altar me parece ser a negação de um amor próprio ou de um instinto de sobrevivência. Ou é simplesmente destituir a pessoa da capacidade de ter o bom senso de fazer o que é melhor para si, escolha que sempre depende do contexto e da história de vida de cada um.

Diante de certos acontecimentos recentes, me perguntei se estaria pronta para morrer caso algo acontecesse. Não. De forma alguma. Pelo que entendi dos fundamentos orientais, isso ocorre porque estou muito apegada a esta forma de vida. Pois estou mesmo. O fato de que posso retornar não significa nada para mim porque, se isso de fato existe, não será para esta vida que voltarei.

Aí leio esta matéria sobre Steve Jobs e percebo que é possível para outras pessoas caminhar em busca do desapego. Lembro da dimensão ética que o catolicismo possui. E me ocorre que as religiões são desumanas porque nos remetem a algo superior a nós, mas o fazem com o propósito de transcendermos nossa pequenez. Talvez o problema é que não saibamos agir compassivamente com nós mesmos, porque, em face da incapacidade natural de seguirmos certos conceitos, construímos sentimentos de culpa ou desvalor. Talvez seja necessário não abdicarmos de nossa própria opinião em favor de uma crença de forma que continuemos inteiros e fiéis a nós mesmos (acho que nunca conseguirei acatar a doutrina do pecado original).

Talvez religiões nos sirvam somente enquanto nos tornem éticos e felizes.

sábado, 13 de agosto de 2011

A Árvore da Vida

O que falar sobre A Árvore da Vida? Sinceramente, pensei em postar no Facebook que o filme era grande demais para o meu intelecto. Depois li alguns críticos de cinema que sempre consulto na internet e percebi que talvez tenha compreendido mais do que supunha. Na realidade, a impressão que restou foi a de que não entendi mais a linguagem do diretor do que sua mensagem.

Okay. Dito isto, como continuo? É engraçado como fragmentos do filme vêm à minha cabeça e percebo que o longa se desenrola exatamente como nossa memória funciona. A história da família O'Brien é contada episodicamente, com punhados de fatos intercalados por cenas simbólicas (muitas das quais, confesso, escaparam da minha compreensão). O que mais me agradou dessa história é vê-la contada pelos olhos do garoto Jack, aos quais o diretor dedica uma fidelidade inabalável. Na tela, surge somente o que foi marcante para o menino, mas como isso tem o poder de evocar nossas próprias lembranças, desde aquela curiosidade (proibida) acerca dos que são diferentes de nós à dor de deixar a casa de infância. Imagino que, para os homens, a relação de Jack com seu pai deve ressoar ainda mais forte.

Esse microcosmos que é narrativa da família O'Brien tem paralelo com a própria história do universo e da Terra. Sim, o filme possui uma longa (e muito bonita) sequência que ilustra o surgimento do cosmos depois de ouvirmos a Sra. O'Brien perguntar a Deus quem somos para Ele. Acho que a resposta é que somos parte do todo, um desdobramento natural dos eventos de bilhões de anos atrás. E talvez tudo seja sempre uma constante renovação, porque o filme termina onde começa, com uma imagem ambígua que nos sugere ora um feto ora a tão famosa luz das experiências pós-morte.

E o resto eu não sei mais, rs. Para falar a verdade, não sei nem se gostei do filme. Não há dúvida de que é lindo, seja pelas imagens, seja pela humanidade que contém. Mas fica um mas que é mais questão de gosto, de costume ou expectativa...

domingo, 31 de julho de 2011

De volta e sem saber como estar de volta


Acho que a primeira coisa que quero dizer é que não sei o que estou sentindo...

É engraçado como, neste momento, desconfio que um dos maiores condicionamentos que tenho está atuando, mas não consigo transcendê-lo. Vou explicar.

Resolvi participar do Kyol Che novamente. Depois de todo o bem-estar e centramento que o retiro me proporcionou no ano passado, parecia impensável não retornar. A questão começou aí. Criei a expectativa de me sentir tão feliz quanto em 2010.

Isso não aconteceu. É até óbvio por que não. No ano passado, fui ao Kyol Che no meio de uma crise tal que qualquer sorriso que eu conseguisse manifestar me parecia uma vitória sobre a minha tendência à vitimização e sobre o medo que sentia do que ia enfrentar quando voltasse para o mundo. Vencer todos aqueles sentimentos e descobrir minha autossuficiência foi um presente inigualável.

Aí está minha resposta: inigualável. Não haveria outro igual, mas esperei que houvesse. Como resultado, nos primeiros dias de silêncio, involuntariamente ficava comparando a experiência Kyol Che deste ano com a do outro. Então me perdia em censurar esse ato de comparar, porque claramente aquilo me tirava do espaço de viver no aqui agora. Com isso, gerava ainda mais confusão mental.

Mas eis que, durante uma prática de meditação, me ocorreu que minha busca pela perfeição estava atuando. Lembrei que toda vez que uma coisa verdadeiramente boa não está boa o suficiente, é porque estou perdida neste meu condicionamento de querer O Perfeito. E assim relaxei. E o retiro se tornou o que foi. Foi mais sutil, uma vez que eu já estava mais experiente em meditar. Foi revelador, porque descobri o quanto não estou preparada para a mortalidade dos que amo e o quanto me falta de espiritualidade. Foi desafiador, porque tive de superar toda uma angústia e uma construção mental que surgiram ao enfrentar essa questão da mortalidade.

Assim voltei para Fortaleza.

E descobri que não estou centrada, rs. Já senti a sombra de vários condicionamentos. A boa notícia é que os sinto, mas comparados com os sentimentos de rever o Dinho, de sair com minhas amigas, de falar com a família, de finalmente ver Harry Potter!, eles bem parecem o que são: coisas da minha cabeça. Blah! A má notícia é que a comparação com o ano passado voltou. A pior notícia é que sei que é o condicionamento da busca da perfeição. A melhor notícia é que espero que esse turbilhão seja o início de uma desconstrução. É impressionante como, para sermos o que verdadeiramente somos, é necessário desconstruir e não construir.

A melhor das notícias é que, quando o Dinho voltar da prova de ciclismo que ele tem hoje, vou me permitir deitar do lado dele e ser vulnerável.

Porque, afinal, não sou perfeita.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A caixinha, o querer e o errado

Ontem vi uma caixinha de madeira linda. Aliás, como é uma questão de gosto, digo que era linda pra mim, que adoro caixinhas de madeira. Essa não tinha pintura nem decoupage, mas sua tampa imitava uma vitrine. Por trás do vidro, havia botões, uma blusinha de tecido xadrez, uma miniatura de máquina de costurar que nem a da minha avó (aquela Singer preta e esbelta), um carretel de linha.

Quis muito comprar a caixinha. Contra esse querer, vieram tantos motivos... Eram muitos reais a menos no meu bolso por uma coisa de que não precisava, faltava uma penteadeira para ter onde colocá-la, talvez houvesse uma mais bonita em outra loja...

Por outro lado, sentia que a queria. Até enxergava minhas pulseiras e brincos dentro dela, devidamente separados pela divisória que ela continha.

Mas terminei deixando a caixinha na loja. O argumento que me venceu foi o mais estúpido de todos os argumentos que poderiam servir de desculpa para não a comprar. Não a levei porque pensei "Mas ela deve ser para guardar coisas de costura. Eu não vou guardar coisas de costura nela."

Em outras palavras, desisti porque seria "errado" guardar brincos e pulseiras em uma caixinha de costura. Apesar de querer a caixinha, não a comprei porque seria "errado".

Hoje minha analista me chamou a atenção de como esse cartesianismo, essa minha divisão das coisas em certas e erradas, rouba o lugar do meu querer, da minha vontade. Naquele momento da sessão, nem me recordei da caixinha, mas, ao caminhar do consultório para minha casa (um longo percurso de meio quarteirão), lembrei do episódio e me dei conta de como é um exemplo emblemático dessa minha questão.

E aqui faço um desabafo. Confesso que ainda não sei mudar isso. Confesso que, principalmente desde a semana passada, desejei ter outra forma de ver as coisas, ter outro jeito de funcionar, ter outra história de vida.

Preciso mandar Descartes passear.

De modo que, da próxima vez que vir uma caixinha, o querer apareça sem a interferência do errado, e prevaleça e reine sozinho e eu fique feliz.

sábado, 2 de julho de 2011

Someone Like You


---------------------------------------como fica
---------------------------------------quem fica
-------------------------------------pra trás?




I heard that you're settled down
That you found a girl and your married now
I heard that your dreams came true
Guess she gave you things, I didn't give to you

Old friend
Why are you so shy
It ain't like you to hold back
Or hide from the light

I hate to turn up out of the blue uninvited
But I couldn't stay away, I couldn't fight it
I hoped you'd see my face and that you'd be reminded
That for me, it isn't over

Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you two
Don't forget me, I beg, I remember you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead, yeah

You'd know how the time flies
Only yesterday was the time of our lives
We were born and raised in a summery haze
Bound by the surprise of our glory days

I hate to turn up out of the blue uninvited
But I couldn't stay away, I couldn't fight it
I hoped you'd see my face and that you'd be reminded
That for me, it isn't over yet

Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you two
Don't forget me, I beg, I remember you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead, yeah

Nothing compares, no worries or cares
Regrets and mistakes they're memories made
Who would have known how bitter-sweet this would taste

Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you two
Don't forget me, I beg, I remembered you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead

Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you too
Don't forget me, I beg, I remembered you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead, yeah, yeah


Adorei essa música. Acho que vou virar fã da Adele. :o)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ainda dá tempo de se inscrever


Divulgando a mensagem que recebi por email:

Um bom dia é um dia Zen

Bhaskar

Um tempo para você colocar a atenção em você mesmo e na natureza de sua (nossa) existência.

Tornou-se uma tradição: chega o mês de julho e com ele o paradisíaco espaço Morgenlicht (em Novo Friburgo) se abre para o retiro Kyol Che, cuidadosamente preparado para que 15 dias de meditação intensiva tornem-se as melhores e mais inesquecíveis férias de sua vida. Até porque, nada mais será como antes depois destas duas semanas de mergulho no silêncio, na serenidade e no desfrutar a vida momento a momento – como nos convida o Zen.

Conduzido por Samvara Bodewig desde 1989, quando Osho a convidou para oferecer este mesmo retiro em versão de 3 meses em sua comunidade em Puna (Índia), o Kyol Che tem em sua fragrância o delicado charme das práticas do Zen Budismo, neste caso com tonalidades que Samvara foi buscar na escola coreana.

A rotina do retiro – sempre em silêncio - inclui meditação, caminhadas, cantos e mantras, vídeos com mestres de todos os tempos e exercícios suaves de vento Zen: tudo para que você dê uma pausa radical no constante movimento de busca da vida nas ações (no mundo exterior) e permita que sua energia volte-se para o centro – de volta para casa!

Para quem já conhece métodos de meditação, o Kyol Che é um espaço de definitiva profundidade. Para quem não tem uma trajetória de busca espiritual inspirada pelo conhecimento oriental e possa pensar que não saberá aproveitar (ou mesmo conseguir realizar) um processo tão intenso, posso garantir que não ocorre nenhuma luta em função da prática do silêncio, que logo é abraçado com tremendo conforto.

Assino embaixo das palavras de Samvara: “Uma experiência tão completa do que é a meditação pode proporcionar que você se dê conta de como funciona a mente e do quanto você está envolvido, identificado, com as criações mentais, libertando-se deste processo”.

De Osho sobre meditação:

"A mente é um contínuo congestionamento de conceitos, idéias, preocupações, ansiedades, desejos...fazendo com que você perca a sensação do Aqui e Agora. O oposto disto é o estado meditativo. É a consciência de que você não é a mente. É permitir que toda esta energia inquieta, que circula na superfície do seu ser retorne ao centro. A meditação é o paraíso perdido que pode ser recuperado. Ela vai além do dualismo do pensamento tornando sua energia mais integrada. Não se trata de mudar conceitos mas sim de reencontrar sua própria essência".

PARA SABER MAIS:

* Retiro Kyol Che: de 16 ate 29 de julho, no espaço Morgenlicht (Novo Friburgo -RJ). Outras informações com Dhyan pelo e-mail dhyanida@gmail.com

* Mais sobre Samvara Bodewig, terapeuta e professora espiritual alemã que adotou o Brasil como sua casa, assim como depoimentos de participantes de versões anteriores do Kyol Che você encontrará em www.samvara.info

u

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Os meus três centímetros


Descobri recentemente que tenho 1,58m de altura. Desde que parei de crescer, sempre tive como certo que media 1,55m. De onde os três centímetros vieram, não sei dizer. Deve ter sido resultado de uns dois meses de RPG (a fisioterapia, não o jogo) que melhoram minha postura e desencavaram meu pescoço.

O fato tem mais um detalhe. No ano passado, visitei uma nutricionista. Naquela época, ela já havia anunciado os meus três centímetros de acréscimo. Simplesmente não a ouvi. Achei que me medira errado. Vai ver eu me empertigara além da conta.

Somente agora, com a confirmação de outro profissional, aceitei meus três centímetros. E me perguntei por que duvidei deles. Me indaguei por que continuei dizendo que tinha 1,55m quando isso não era mais a verdade.

Ampliei a questão para abarcar minha vida. Deixei de ser uma pessoa de 1,55m de altura. O que mais deixei de ser que ainda insisto em dizer que sou?

Como resposta, lembro de uma cena que se repete até com certa frequência. Ao chegar no trabalho, é comum dividir o elevador com mulheres altamente produzidas e elegantes. Enquanto aguardamos na fila, percebo em mim a expectativa de um sentimento. É bagagem que trago da adolescência. Tal qual naquela época, espero que, no momento em que entrarmos no elevador e eu me olhar no espelho, me sinta inferior àquelas mulheres. Qual não é a surpresa quando, ao encarar meu reflexo, não encontro mais esse sentimento. Me sinto normal. Me sinto eu.

Isso é um progresso. Palmas, êêêê!!!! :o) Mas permanece a questão de que deve haver ainda vários rótulos e padrões e formas de pensar que não se aplicam mais a mim, embora teime em resgatá-los do descarte.

Tenho de descobrir o que não cabe mais na minha vida.

Aliás, tenho de descobrir o que já não me cabe mais. Afinal, agora tenho três centímetros de acréscimo.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Travel log


Os dias têm sido um corre-corre tão grande que esqueci deste meu cantinho aqui. Hoje me permiti um tempo para escrever.

Estamos em Orlando, Florida, USA! Há quase um ano, Dinho e eu descobrimos que havia uma viagem que gostariamos de fazer novamente: ir para os Estados Unidos para revisitar a Disney. Tanto ele como eu conhecemos os parques nos idos de 1996, tempo da saudosa paridade dólar-real. Ele foi na excursão do Christus; eu fui na do CIMM. Agora parecia um bom momento para ver com novos olhos Magic Kingdom, Epcot e Hollywood Studios. E ainda poderíamos visitar a atração do Harry Potter na Universal! Decidimos, planejamos, e chegamos aqui, acompanhados de meu irmão e de minha tia.

As coisas têm valor diferente para cada pessoa. Houve quem não entendesse como essa viagem "fazia o meu perfil". A resposta está nas tantas vezes em que me emocionei nos parques. Meu lado criança adora os filminhos da Disney e da Pixar. Sei de cor músicas da Bela e a Fera, Pequena Sereia, Pocahontas, Rei Leão. Chegar no Magic Kingdom ao som dessas trilhas sonoras foi muuuuuuito legal. Aliás, chorei sem dó nem piedade ao ouvir Can You Feel The Love Tonight e The Circle of Life no musical do Rei Leão, que é apresentado no Animal Kingdom, único parque que não conhecíamos.

Posso contar as coisas de que mais gostei? Adorei o safari no Animal Kingdom. Fomos duas vezes e, na segunda, os animais estavam mais ativos (talvez porque estivesse menos quente). Vimos gazelas correndo e pulando. Muito lindo. Continuei adorando a Splash Mountain do Magic Kingdom. E não lembrava que a Main Street era tão linda... Por outro lado, recordava que não tinha gostado muito do Epcot no passado, mas agora esse parque também me encantou pela sua beleza.

E... e o cansaço não me deixa continuar, rs. Vou parar por aqui.

Beijos para todos.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Diário da outra


Querido Diário,

Hoje cruzei com a Nicole no corredor durante o intervalo. Percebi o que tantos falam sobre ela. De fato, Nicole é muito bonita. Os meninos dizem que ela é gata e gostosa. Ela tem os cabelos muito lisos (faz escova todos os dias?), sabe usar maquiagem, incrementa o uniforme com um lencinho no pescoço, ocupa todo o braço com pulseiras.


Após passar por ela, acabei olhando sem querer meu reflexo no vidro da sala da coordenação, que fica no fim do corredor. Devo dizer, Querido Diário, que eu sou mais eu. Me achei bonita também. Me achei natural e solta, sem a necessidade de cabelo esticado, lenço no pescoço e pulseira. Lembrei que, tal qual Nicole, também sou única. A diferença é que a Nicole nem deve saber disso (que ela também é única). Caso contrário, não faria tanto esforço para parecer com modelos ou atrizes. Me dei conta que só eu tenho os amigos que tenho, a família que tenho, o cachorro que tenho. Somente eu escrevo as redações que escrevo, ouço os problemas dos colegas como ouço, sorrio como sorrio. Putz, Querido Diário, eu sou mais eu!


Quando o sinal tocou, chegou a hora da aula de Física. Ao contrário do que os colegas esperavam, não tirei a maior nota na prova e não soube a resposta para a pergunta do professor. O legal nisso tudo, Querido Diário, foi que não achei que os colegas ou que o professor estavam decepcionados comigo, porque entendi que isso era o que eu sentia, e não eles. A ficha caiu, sabe? Não preciso tirar a maior nota. Não preciso saber todas as respostas. E, se eu tirar a maior nota, posso sim me sentir a tal, mas, se tirar nota baixa, não preciso me sentir a pior das criaturas. Afinal, eu sou eu. Só isso e muito isso. Simples assim.

É claro que hoje teve aula de balé. Experimentei não olhar para o chão e tentar ver meu reflexo no espelho sem sentir vergonha. Daí me ocorreu que a questão não é me olhar e não ter vergonha, mas não ter vergonha de mostrar o quanto sou boa. Não existe outra pessoa me julgando 24 horas do dia a não ser eu. Aliás, os outros podem até me julgar, mas eles raramente entendem que julgam a si mesmos enquanto refletidos em mim. Então, por que mesmo me conter tanto? Por que não me soltar e dançar sentindo a música? Por que não assumir que posso fazer isso?

Aí fiz exatamente isso e me senti muito bem. Não sei se era o entusiasmo, mas consegui executar todas as piruetas duplas que a professora pediu. Só que escorreguei num momento e caí de bunda no chão. Foi uma senhora queda, mas ela não anulou as outras tantas piruetas que havia executado. Fui pra casa feliz.


Então, Querido Diário, já é noite e já é tarde. Foi um dia muito produtivo. Me encontrei. E isso pode ficar entre mim e você.


Ou não. Quem sabe um dia não escrevo um livro e exponho este texto?

Não fui essa pessoa na adolescência. Ainda não sou essa pessoa agora.

Mas essa é a outra que posso ser.

Que outro você pode ser?

domingo, 1 de maio de 2011

Prêmio TOPBLOG 2011


Quero agradecer ao amigo ou à amiga que indicou o Reflexos para o TOPBLOG 2011!

Muito obrigada de coração.

Aderi e me inscrevi. O selo está aí do lado para quem quiser votar.

:o)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Hoje tem palestra!

É uma aviso em cima da hora, mas mesmo assim vou arriscar. :o)

Hoje temos palestra gratuita com a terapeuta Ramyata em Fortaleza. O evento acontecerá às 20h no Hotel Comfort, na Frei Mansueto, 160, esquina com a Av. Abolição.

Para quem quiser se aprofundar, haverá também o workshop, que começa na sexta à noite e se estende até o domingo. Nesse trabalho, você tem a oportunidade de experimentar a técnica do Renascimento conjugada com as atividades propostas pela Ramyata. Vale lembrar que tudo é muito experiencial, sem amarras a blá-blá-blá teórico. É sempre você com você mesmo, enquanto você se descobre e vivencia a experiência do Renascimento.

Para saber mais sobre Renascimento, você pode acessar o marcador aqui no blog ou ir direto ao site do Osho Centro de Renascimento.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Aconteceu na vida real - O pescoço do Ciro Gomes

O primeiro fato que você deve ter em mente para entender esta história (embora não agora) é que tenho 1m55 de altura.

Deve ter sido em 2001. Estava eu sentadinha na cadeira do cinema, esperando a versão do Tim Burton do filme Planeta dos Macacos começar, quando três pessoas chegaram para ocupar os lugares da fila anterior à minha. Vi uma moça e um garoto tomarem seus assentos. Quando olhei para o homem que iria sentar diretamente na minha frente, percebi o que a iluminação fraca do cinema conseguiu delatar:

Era o Ciro Gomes.

Uma preocupação passou assim de relance pela minha cabeça. Não era medo de algum atentado, porque ele nem é essas coisas de importante. Tampouco era receio de que ele começasse a discursar ali na penumbra.

Não. Descobri a causa do meu desconforto tão logo o filme começou.

Eu não conseguia enxergar nada da tela! Como se não bastasse Ciro Gomes ser dotado de uma "cabeça tão afilada", como dizia minha mãe ao admirá-lo na TV, o cara ainda possuía um pescoço enooooooooooooorme!

Resultado? Assisti ao filme inteiro com a impressão de que o via como se houvesse um monte entre mim e a tela.

Vai ver que foi por isso que não gostei.


Não resisti, ihi.

É uma história bobinha, mas me lembrei dela quando estava indo para o trabalho e achei que seria legal contar. :o)

sábado, 2 de abril de 2011

Le Festin

Dá até saudade de estudar francês:


Le Festin
Camille

Les rêves des amoureux sont comme le bon vin
Ils donnent de la joie ou bien du chagrin
Affaibli par la faim je suis malheureux
Volant en chemin tout ce que je peux
Car rien n'est gratuit dans la vie

L'espoir est un plat bien trop vite consommé
À sauter les repas je suis habitué
Un voleur, solitaire, et triste à nourrir
À nous, je suis amer, je veux réussir
Car rien n'est gratuit dans la vie

Jamais on ne me dira
Que la course aux étoiles, ça n'est pas pour moi
Laissez-moi vous émerveiller, et prendre mon envol
Nous allons enfin nous réga... ler

La fête va enfin commencer
Et sortez les bouteilles, finis les ennuis
Je dresse la table, de ma nouvelle vie
Je suis heureux à l'idée de ce nouveau destin
Une vie à me cacher, et puis libre enfin
Le festin est sur mon chemin
Une vie à me cacher et puis libre enfin
Le festin est sur mon chemin
Essa música faz parte da trilha sonora de Ratatouille da Pixar.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Em defesa do movimento

Tive um professor de balé que dizia para fazermos resistência ao movimento. Estranhei quando o ouvi pela primeira vez. Ao fazermos plié, que é basicamente dobrar os joelhos, no momento em que começávamos a voltar para a posição inicial, ele advertia: "oferece resistência". A ordem significava exercer uma força contrária ao movimento que executávamos para esticar os joelhos. No final da aula, percebia que isso trabalhava mais os músculos e era um ótimo conselho para uma bailarina.

Um ótimo conselho somente para uma bailarina.

Hoje me dei conta de que fazer resistência ao movimento, pelo menos na minha vida, é sinônimo de ficar inerte. E, até onde sei, ficar inerte só me fez mal. Com base no que ouço de amigos, acho que ficar parado também lhes faz mal. Parece que o que nos causa esse mal-estar é sabermos que podemos agir em nosso bem e permanecermos no mesmo lugar, oferecendo resistência ao movimento natural de explorar nossa potencialidade.

Daí vem uma questão. Acho que somos feitos para evoluir. Nascemos com tendência ao movimento. Naturalmente, temos ímpetos de vencer nossos limites. Acabei de escrever essa frase e me lembro da L., minha sobrinha de coração. Dinho e eu a levamos para o Iguatemi uma vez. Aquela área em frente à Riachuelo estava vazia, e crianças aproveitavam para correr e rolar no carpete verde. Ingenuamente recomendei à L. para ficar só na parte verde. Depois de umas três voltas, vi-a subir os degraus para sair dali. Ia chamá-la quando o Dinho me interrompeu: "Deixa. Ela só tá querendo testar os limites." Se isso está presente em uma criança, ainda livre de medos e recalques, provavelmente está em nosso âmago.

Tendemos ao movimento, mas infelizmente amarras e condicionamentos nos prendem. Exercem também resistência. Quando sucumbimos a eles, nos sentimos mal. E se não fizermos nada para vencê-los, se deixarmos o peso deles impedir nossa caminhada, nos sentimos pior, porque estamos indo contra a nossa natureza, estamos oferecendo resistência ao movimento.

E esse conselho só é bom para bailarina.

E lembro que nem fui uma bailarina feliz.

terça-feira, 29 de março de 2011

De quando tive vocação para ser emo

Encontrei dentro de um álbum de fotografias um fanzine que circulava na minha faculdade de Letras. Lembrava que havia escrito alguns textos para o Albatroz, mas este aqui tinha me escapado da memória e dos arquivos do computador. Foi um esquecimento tal que, folheando o zine, vi o título do texto e continuei passando as páginas, pensando que provavelmente eu guardara aquele exemplar porque havia algum bom conto de alguém conhecido. Somente quando cheguei na última folha foi que vi meu nome como colaboradora e descobri que Muralha era meu! Olha só:

Clique na imagem para poder ler.

(Risquei os emails dos colaboradores e editores.)

Perceberam toda a tentiva de rebuscamento, rs? Relendo-o, recordei que escrevi uma frase só para constar a palavras "perfilar". Agora percebo que não era à toa que um professor de redação me aconselhava a escrever de forma mais simples.

E ô coisa alegre, hein? Devia ser porque eu conciliava duas faculdades (quarenta créditos por semestre) e minha vida social era inexistente.

Ou porque tinha vocação para ser emo e nem sabia. ;o)

segunda-feira, 28 de março de 2011

Post conjunto - Crônica do Carnaval 2011

(Sei que este post está atrasadíssimo.)

Carnaval. Paraíba, Conde, Praia de Jacumã. Pelo que estava escrito neste site e neste, pensamos que curtiríamos um feriadão tranquilo, ouvindo o som do mar, tomando água de coco, certo?
Dinho: Errado... Chegada: engarrafamento quilométrico, muita gente na rua, barulho... Mapa? Orientações para chegar na pousada? Placas? Pra quê? Não dava para enxergar nada na rua mesmo... E já pra "animar" ou esculachar logo na entrada, nos deparamos com um fenômeno que se se repetiria o carnaval inteiro: rodinhas de pessoas em volta de paredões de som. Um inferno...
Rs. É que, das praias ao sul de João Pessoa, escolhemos sem saber a mais muvucada de todas. Depois tivemos a oportunidade de conhecer Carapibus, Tabatinga, Coqueirinho e Tambaba, todas bem tranquilas. O probleminha era que, depois de curti-las, pegávamos o trânsito inevitável da volta à Jacumã.
Dinho: Pois é. Isso acontecia porque a Pb 008 é praticamente o único acesso para todas essas praias e ela inicia justamente em Jacumã, ou seja, quem quer ir para Carapibus, Tabatinga, Coqueirinho ou Tambaba passa por Jacumã. Legal, né? Agora acrescenta aí a farofada que aporta em Jacumã... Pronto, fez a soma? Imagina então a quantidade de gente, carro, ônibus e barulho naquela cidade... Por sorte a pousada era, de certa forma, isolada disso tudo. O quarto tinha ar condicionado e ficava meio que no centro do prédio, então a muvuca ficava razoavelmente distante.
Tentando olhar com bom humor a situação, até que Jacumã foi uma experiência cultural interessante, rs. Foi a constatação mais concreta de que questão de gosto não se discute! Sério, a que outra conclusão poderíamos chegar ao vermos centenas de pessoas se espremendo suadas e maizenadas ao som de Na Casa das Prima, Liga da Justiça e Minha Mulher Não Deixa Não? E lá testemunhei uma verdadeira sopa humana: mais de vinte pessoas dentro de uma piscina tone no quintal de uma casa. Imagine a qualidade dessa água...

De qualquer forma, as praias de Paraíba merecem uma visita. É só não ir para Jacumã no Carnaval, se multidão não é o que lhe agrada. Adorei o mar calmo de lá e deu vontade de trazê-lo para a Praia do Futuro.

As fotos abaixo são todas by Márden Bandeira:

Praia de Tabatinga.

Canyon de Coqueirinho.

Praia de Tambaba.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Apresentando a Garota Elíptica

Foi a amiga Bb. que me chamou a atenção para o fato. Ela veio me avisar de um HD externo que estava em promoção, e eu, no auge das minhas tentativas de equilíbrio orçamentário, disse que enquanto não terminasse de pagar minha impressora multifuncional wireless, não me submeteria mais às prestações de artigos de informática.

Aí ela riu e disse "Tu tem uma multifuncional, mas não tem um fogão?"

Foi aí que percebi a inversão de valores. Sim, amigos, eu tenho uma multifuncional, mais ainda não tenho um fogão na minha cozinha. Em minha defesa, digo que o microondas quebra o galho e que morria de vontade de ter um impressora/fotocopiadora/scanner, justamente para, dentre outras coisas, fazer isto:



Esses são os desenhos que o Dinho fez para ilustrar as tirinhas que morro de vontade de fazer para postar aqui no blog. Já tenho ideia para três historinhas. Ainda estamos decidindo o nome do bonequinho, e acho que agora estamos em dúvida entre duas opções. O nome da minha personagem é Garota Elíptica, apelido criado pelo Dinho. Deve-se ao fato de eu, do nada, falar certas coisas sem contexto, forçando-o a vasculhar a memória até encontrar o assunto sobre o qual voltei a conversar sem aviso algum.

Eu sempre retruco que ele tem a obrigação de saber o que estou pensando, né filhote? ;o)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Cisne Negro em pedaços


Acabei de assistir ao Cisne Negro. Entendo como esse filme pode ser banal para muitas pessoas, mas devo dizer que ele me tocou. É que tenho uma Nina dentro de mim, e foi ligeiramente incômodo ver esse reflexo no longa. Assim como acontece com a personagem de Natalie Portman, a menininha que há em mim está fortemente ligada ao ideal de perfeição. Sinceramente, não sei explicar a relação de causalidade entre esses dois elementos, mas o fato é que só busco a perfeição enquanto a menininha está no comando. Aí tudo me frusta e me fere, porque nada é perfeito (óbvio!).

No mais, nem sei o que dizer do filme. Comentários e ideias vêm e vão sem coesão alguma. Por causa disso, e porque hoje vou tentar não escrever um texto perfeito, minhas observações seguem em tópicos:

- Adorei o paradoxo que o filme demonstrou ao retratar a realidade da casa de Nina. Lá portas sem trancas significam prisão.

- O sadismo do coreógrafo responsável pela montagem dO Lago dos Cisnes é demonstrado na primeira cena em que aparece. Thomas entra na sala de aula, enquanto bailarinas e bailarinos fazem aula, e sai tocando o ombro de algumas delas enquanto discursa sobre sua próxima produção. Naturalmente somos levados a pensar, assim como as próprias dançarinas, que aquelas serão as futuras concorrentes ao papel principal. Somente depois ele faz o favor de explicar que aquelas farão parte do corpo de baile e que as outras é que deverão comparecer à sala de ensaio para concorrer ao papel de Odette/Odile.

- Por mais que saiba que foi uma escolha do diretor a dualidade preto e branco/rosa para retratar o contraste entre mãe e filha, achei meio forçado ver a mãe de Nina sempre vestida de preto.

- As alucinações de Nina me pareceram uma hipérbole de nossas próprias paranóias. Se pararmos para pensar, as fantasias da bailarina se iniciam a partir de um dado real e depois extrapolam para o fantástico. Suas costas arranhadas são um fato, tanto que sua mãe também as enxerga, mas a mente de Nina constrói e nos sugere (já que partilhamos de sua perspectiva) o nascimento de asas. Não sei quanto a vocês, mas eu já fiz muita tempestade em copo d'água por causa de uma fatozinho de nada sobre o qual minha cabeça ficou fazendo mil conjecturas.

- Natalie Portman está de parabéns por seu trabalho como bailarina. Soube que poucas cenas são de sua dublê. Em alguns momentos, é visível que naquela sapatilha não está o pé de uma profissional, mas é uma questão de estrutura física mesmo: não há como a atriz ter a linha de uma bailarina que dança há anos.

- Depois de ler várias resenhas no Rotten Tomatoes, tenho orgulho de puxar a brasa para nossa sardinha e dizer que a crítica que mais captou a densidade do filme e de seu simbolismo foi a de Pablo Villaça. Shame on you, American Critics!

- Gostei muito desta entrevista com Natalie e Darren Aronofsky. Foi interessante ver a impressão da atriz de que o mundo do balé impõe uma infantilização às bailarinas. Durante sua preparação, Natalie percebeu que as bailarinas falavam com voz de menina, e foi dela a sugestão de que Nina falasse do mesmo modo.

Não pensei em como terminar o post, então fico por aqui.