terça-feira, 20 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pobre Carrero World e uma metáfora para os relacionamentos

Começou quando vi Pobre Carrero World:



Engraçado, né? Sorrio toda vez que assisto.

No entanto, o vídeo acabou me trazendo uma questão séria. Lembrei o tempo em que pegava ônibus para ir para a faculdade ou para o trabalho. Um dia me ocorreu como era curioso que, pelo menos até a próxima parada, tantos estranhos tivessem em comum uma coisa: o mesmo destino.

E aí essa lembrança veio neste período em que participo das audiências de conciliação nos processos de Sistema Financeiro de Habitação. Pela primeira vez, vejo as pessoas que estão por trás daqueles processos sofridos contra a CEF. A experiência tem sido um verdadeiro observatório da condição humana. Dentre tantas coisas que presenciei somente nesta primeira semana, me chamou a atenção o caso de uma pessoa divorciada. Coube a ela ficar com o apartamento e a dívida. As amarguras eles dividiram entre si, creio eu.

Imaginei o que era estar no lugar daquela mulher. Como é quase cultural associar o casamento a um sucesso social, será que ela respirou aliviada quando se viu casada antes dos trinta anos? Será que ela pensou que era para sempre? Será que lhe faltou o chão quando viu que não seria?

O que ela fez quando o companheiro saltou do ônibus e ela permaneceu no veículo e o destino em comum que ela julgava longínquo só durou até aquela parada?

No final, isso me intriga. Cedo ou tarde, alguém sempre desce do ônibus antes do que o outro. Já vi um caso de os dois deixarem o veículo na mesma parada, apesar de não ser a que ambos queriam. Também testemunhei gente que não sai do ônibus de jeito algum e fica esperando por anos o outro subir de novo. Há ocasiões em que se pega o ônibus errado, e o jeito é saltar para não perder o caminho certo. Existe ainda quem sobe no ônibus que não devia pegar e só percebe tarde demais. E, por mais triste que seja, às vezes é a morte que leva consigo alguém e deixa outro alguém olhando pela janela, sem rumo, assistindo à saudade passar.

Invariavelmente, alguém sempre desce do ônibus. O destino em comum é interrompido. A expectativa não preenchida dói. O que aconteceu com o itinerário que se queria? Onde está o resto do caminho que ainda cabia na jornada? O que fazer com o caminho que resta?

Então percebo que o importante é saber que há outros ônibus para pegar.

Nem que se tenha de andar a pé um pouquinho.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

movimento pequenos prazeres

Que tal tentar?

Enumere três pequenos prazeres seus e indique quantos blogs quiser (se quiser) para continuar o movimento.

Por ora, meus três pequenos prazeres são:

1. Sentir cheiro de roupa lavada.
2. Ser surpreendida por borboletas nas ruas da cidade.
3. Ficar na cama depois de acordar.

Os blogs que indico são:

Just Breathe, da Lu

WAKE UP AND LIVE, do Bruno e da Lu

Galera_D, da galera (Garota_D e colaboradores)

Vida de Samira, da Giovanna

VILA DESATINO
, do Euclides

Repare o Tempo, do Henrique

Aqui está o vídeo que editei para a campanha:

sábado, 3 de setembro de 2011

Para que servem as religiões ou Desabafo de uma pessoa momentaneamente sem rumo

Em primeiríssimo lugar, apesar de ser algo bem óbvio, aviso que o que está neste post é somente minha opinião.

Hoje não possuo religião. Fui católica por um bom tempo, mas sempre me inquietava por não ter a fé que via nos meus familiares. Ia à missa todos os domingos, observava pessoas ajoelhadas num genuflexório olhando com fervor imagens, e não entendia por que não era daquele jeito comigo também. A não ser que estivesse em algum aperto, rezava mecanimente. Até que aconteceu algo na minha vida que me fez me sentir indigna de pedir qualquer coisa a Deus e então parei de rezar. Meses depois, enquanto estava no Treinamento Básico de Renascimento, percebi que espiritualidade era algo bem maior do que seguir uma igreja, e descobri que só era católica por causa de minha família. Foi com um aperto no estômago que anunciei à minha mãe que não iria mais à missa. O alarde foi bem menor do que esperei. Não sei bem o que isso significou para meus pais e meu irmão, mas me parecia que era aquele o caminho que eu devia percorrer.

Continuando com os trabalhos de Renascimento e Kyol Che, entrei em contanto com fundamentos que devem fazer parte de religiões orientais. Foi interessante. Descobri que preciso experienciar algo para acreditar (chamo isso de minha síndrome de são-tomemismo), e é possível experimentar através da meditação ou da respiração muitas coisas sobre que os orientais discursam. Porém, semprei estanquei no conceito de que vivemos várias vidas. Então percebi que, mesmo ali, eu não comprava o pacote inteiro.

Diante desse fato, ficou claro para mim que tudo o que eu fizesse naquelas linhas seria somente a título de terapia. Faço porque me faz me sentir bem e centrada. Leio livros de "guias espirituais" como livros terapêuticos. Para mim, religiões são formas de ver a vida e de conviver com o meio. E me questiono.

Me questiono se elas exigem mais do que podemos dar ou se negam nossa condição humana. Uma amiga minha foi diagnosticada com câncer recentemente. Não tenho dúvida de que a raiz da doença se encontre no casamento infeliz que vive, que ela provavelmente nunca desfez porque recebeu a orientação de que "o que Deus uniu o homem não separa". Pregar que temos de aguentar qualquer tipo de provação em nome de uma união realizada perante um altar me parece ser a negação de um amor próprio ou de um instinto de sobrevivência. Ou é simplesmente destituir a pessoa da capacidade de ter o bom senso de fazer o que é melhor para si, escolha que sempre depende do contexto e da história de vida de cada um.

Diante de certos acontecimentos recentes, me perguntei se estaria pronta para morrer caso algo acontecesse. Não. De forma alguma. Pelo que entendi dos fundamentos orientais, isso ocorre porque estou muito apegada a esta forma de vida. Pois estou mesmo. O fato de que posso retornar não significa nada para mim porque, se isso de fato existe, não será para esta vida que voltarei.

Aí leio esta matéria sobre Steve Jobs e percebo que é possível para outras pessoas caminhar em busca do desapego. Lembro da dimensão ética que o catolicismo possui. E me ocorre que as religiões são desumanas porque nos remetem a algo superior a nós, mas o fazem com o propósito de transcendermos nossa pequenez. Talvez o problema é que não saibamos agir compassivamente com nós mesmos, porque, em face da incapacidade natural de seguirmos certos conceitos, construímos sentimentos de culpa ou desvalor. Talvez seja necessário não abdicarmos de nossa própria opinião em favor de uma crença de forma que continuemos inteiros e fiéis a nós mesmos (acho que nunca conseguirei acatar a doutrina do pecado original).

Talvez religiões nos sirvam somente enquanto nos tornem éticos e felizes.