segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Viver é como andar de patins



Estreei hoje o par de patins que ganhei. Há anos, muitos anos, que não patinava, então eram previsíveis toda a hesitação dos pés e todo o bamboleio do corpo tentando se equilibrar. Para completar, a amiga que convidei me deixou na mão, e aí foi o jeito me aventurar sozinha. Me, myself and I.

O que acabou sendo bom, porque foi dessa experiência que este post nasceu na minha cabeça, enquanto negociava os patins com o chão ora liso, ora esburacado da praça. O Forest Gump não disse que a vida era como uma caixa de chocolates? Pois digo que a vida é como andar de patins.

Na vida e sobre as rodas dos patins, há aqueles momentos em que você não sabe bem o que fazer. Como sair do lugar somente com seu próprio impulso? Como parar sem se atracar com um poste, com uma coluna, com um pobre desavisado transeunte? Como simplesmente parar?

Aí, se você refletir por uns segundinhos, descobre que só depende de você. Pode ser preciso um pouquinho de treino. Pode ser preciso muito treino. Mas, no fim, tudo se resume a você e à escolha de impulsionar ou frear.

Na vida e sobre as rodas dos patins, há aqueles momentos em que os acontecimentos ocorrem alheios à sua vontade ou expectativa, que nem a descida imensa que você ignorava estar no seu caminho. Como não cair? Como não terminar saindo da praça e indo parar no meio da rua, entre ou contra os carros?

Aí, se você não tiver medo, percebe que o melhor é se entregar. Deixar ir. Dá para chegar ao fim da ladeira e continuar no seu caminho se você estiver atento para fazer exatamente isso: continuar.

Na vida e sobre as rodas dos patins, há aqueles momentos em que você progrediu e não percebeu. Por que andar devagar está mais difícil? Por que ganhar velocidade se ainda estou aprendendo?

Aí, se você confiar em si próprio, entende que é melhor aderir ao movimento. Fica mais fácil se não lutar contra a tendência natural do processo. Basta colocar um pé no chão de cada vez e com fé. Basta não resistir, deixar o corpo todo acompanhar a dinâmica da coisa, compensar o alinhamento numa perna e noutra, abraçar a velocidade.

Na vida e sobre as rodas dos patins, há aqueles momentos em que você cai. É inevitável, por isso nem adianta perguntar como não cair. Todo o mundo sabe: dói pra burro.

Aí, se você se proteger, descobre que, se a queda é certa, pelo menos a dor pode ficar do tamanho que ela deve ser. Usando joelheira, você se machuca, mas não se incapacita. É uma questão de se cuidar. Fazendo isso, decepções são decepções, perdas são perdas, tristezas são tristezas. E só. Você permanece ileso. Ou talvez nem tão ileso, mas o tempo cura certo feridas reais.

Por fim, tanto na vida como sobre as rodas dos patins, depois da queda, você se levanta. Sozinho ou com ajuda de alguém, você se ergue.

E começa de novo.

De novo.