terça-feira, 29 de junho de 2010

Aconteceu na vida real - Para que não soubessem que o amava

Aconteceu sem querer. Talvez fosse fruto de uma troca de olhares mais insistente. Provavelmente nasceu de uma admiração pelo talento de um e de outro. Possivelmente cresceu de uma empatia coestabelecida.

O fato é que Ivone e Carlos, professora e aluno universitários, estão apaixonados. Para falar a verdade, não sei se já se beijaram ou não. Minha mente romântica imagina que debatem esse amor: afinal, são professora e aluno, e muitos falarão e apontarão dedos. Há um risco. Ela é um pouco mais velha, e atribui a hesitação dele ao medo. Ele? Dele não sei dizer coisa alguma, porque foi Ivone quem me contou a história.

Sei que conversam muito e que há química. Sei que se escondem, sempre receosos dos olhares de quem não entende e recrimina.

E é justamente porque o idílio é secreto que Ivone se virá forçada a fazer o que fez em um dia de aula até então normal. Foi a solução mais rápida que encontrou para uma situação reveladora.

Ivone está em sala, ensinando gramática da língua inglesa para Carlos e os colegas. Falam de tempos verbais. Ivone circula em frente à lousa, enquanto seus alunos, que não somam muitos nessa disciplina, sentam todos na primeira fila.

Ivone vai e vem, escreve no quadro, lê o livro que segura aberto, faz perguntas. Soa quase como clichê, mas olha os alunos por cima dos óculos que escorregam para a ponta do nariz e os questiona. Lê mais exemplos: simple past, present perfect, past perfect, diferenças de usos, regras de formação e aplicação. Sem nem perceber, para em frente a Carlos. Ainda sem se dar conta, estende a mão e acaricia os cabelos do amado.

Um instante de pânico. Agora vão saber! Que fazer? Que fazer?

Então cada aluno se vê agraciado com a mesma carícia, pois Ivone decidiu que o melhor disfarce era fazer de conta que se tratava de uma pessoa extremante carinhosa, que corria os dedos entre os cabelos de alunos cujo nome mal sabia.

E cada aluno fica sem entender como, do nada, a professora de gramática saiu distribuindo carinhos, como se fossem ainda crianças.

Tudo para que não soubessem que o amava.
Mais um fato verdadeiro. Fui aluna dessa professora, que não se chama Ivone, é claro, mas que nos fazia rir muito com todas as suas histórias. Infelizmente, depois de quase seis anos, essa é a única de que me lembro.

Beijo para a Ivone que não se chama Ivone, se um dia ela também calhar de passar por aqui.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Icaraí de Amontada II - VillaMango

Ficamos no VillaMango, um lugarzinho muito charmoso e aconchegante que, atualmente, dispõe de três bangalôs e duas suítes. Em breve, mais dois bangalôs estarão construídos. Também estão adicionando uma piscina.

O restaurante/recepção/suítes (no segundo andar) e os bangalôs.

O deck bem pertinho da praia.

Perdi a noção do tempo deitada aqui.

Vista do nosso bangalô. Tirei essa foto deitada na cama.

Pôr do Sol visto da nossa janela.

Com exceção das terceira e quarta fotos, todas as outras foram tiradas pelo meu amorzinho, que tem um olho muito bom para fotografia.

E agora vou voltar para a realidade e estudar para a prova de francês. Aff.

p.s. em 19/01/2011: mais sobre a pousada aqui.





Icaraí de Amontada

Fim de semana em Icaraí de Amontada.

Houve momentos em que a gente tinha a impressão de estar em uma praia deserta.

O Márden é esse pontinho na base.

Adorei essa foto. By Márden Bandeira.

Essa também. By Márden Bandeira too :o).


terça-feira, 15 de junho de 2010

Night Song

Adorei essa musiquinha. Pelo que vi aqui, foi composta especialmente para o comercial da série Mercy.


Composição: James Thomas Oxborrow & Jimi Ashmore

Just because it is the night,
Doesn't mean you have to go now baby
You could stay and make it right,
Or we could run away now maybe.
Just because it is the night
Why should it be us to feel so lonely.

With the shimmer of the light
Comes the flicker of the heartbeat,
Faster than your heartbeat,
Quicker than my heartbeat.

Hold me tight. (x2)

With the shimmer of the light
Comes the flicker of the heartbeat,
Faster than your heartbeat,
Quicker than my heartbeat.

Hold me tight.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Comer, rezar, amar


O livro não é novo, mas só agora o li. E gostei muito.

Essa é uma das histórias que, se eu fosse recontar, daria um ótimo causo para o aconteceu na vida real. O mais fascinante para mim nessa narrativa é saber que se trata de uma trajetória não-fictícia. O enredo é a vida de uma pessoa de carne e osso, que tenta se soerguer e se equilibrar perante as adversidades como qualquer um de nós.

Para quem não conhece a obra, em Comer, rezar, amar, a autora Elizabeth Gilbert narra sua busca por si mesma enquanto vive na Itália, Índia e Indonésia. Depois de um divórcio desastroso, ela parte para outros continentes à procura de prazer (Itália), Deus (Índia) e equilíbrio (Bali).

Elizabeth tinha supostamente tudo o que uma mulher moderna poderia desejar: sua carreira, um casamento e posses. No entanto, quando chega o momento de tentar engravidar - porque essa é mais uma das "metas" de qualquer casal "bem sucedido" - descobre que não quer ter filhos e que deseja o divórcio. Essa foi a primeira questão de relevo para mim: nem sempre o que a maioria quer é o que você deseja.

Muitas amarguras advêm da decisão de separar-se. Elizabeth mergulha na depressão de tal modo que, uma noite, luta até o amanhecer contra o impulso de cortar os pulsos. A partir daí procura ajuda médica. Esse é o primeiro passo para se ajudar também.

Depois seguem as viagens e os relatos sobre a vida na Itália, na Índia e na Indonésia. Elizabeth sempre se preocupa em transmitir a história e o contexto atual do lugar em que está em cada momento. Particularmente, adorei a terceira parte do livro, que se passa em Bali. São crenças e costumes tão curiosos! E há um episódio muito tocante na Índia, em que Elizabeth faz seu próprio ritual de desapego para libertar-se da culpa que sentia pelo divórcio.

Confesso apenas que, em dado momento do livro, tive de desconstruir uma impressão que se formou e que quase estragou meu prazer em lê-lo. O discurso da autora começou a me parecer auto-ajuda demais. Via as palavras de Elizabeth como se ela usasse suas experiências para licenciar "ensinamentos" sobre o que fazer para ser feliz. Tive de parar e refletir que, na verdade, talvez aquilo estivesse lá muito mais para lembrá-la do que aprendeu do que para ensinar. Aliás, Elizabeth se revela tão falível e vulnerável que dificilmente pode servir de propaganda de si mesma. Sua melhor publicidade se encontra nos acontecimentos que desencadeia toda vez que vence suas dificuldades e padrões. É prova de que o primeiro passo sempre tem de ser seu (nosso).

sábado, 12 de junho de 2010

À quoi ça sert l'amour

Uma animação muito legal em homenagem ao Dia dos Namorados. Encontrei nesse post no blog do Hiro.



Beijo pro meu amorzinho.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Aconteceu na vida real - Proposta Indecente

Sempre tive vontade de criar um espaço no blog para recontar causos da vida real. O único probleminha é que, até o presente momento, só me lembro de um episódio que vale a pena ser contado. De qualquer forma, como hoje senti vontade de escrever, e como justamente hoje não surgiu ideia alguma, resolvi relatar o caso do Sr. L e a proposta indecente que recebeu.

O Sr. L era um desses senhores bem distintos. Conduzia sua vida regradamente, conciliando família e trabalho, muito trabalho. Coincidiu que o Sr. L também era um desses senhores bem agradáveis, que ganham a simpatia da gente assim de graça, ó. Trocando em miúdos, o Sr. L seria um partidão se não fosse casado.

Pois bem. O Sr. L, dentre os muitos títulos que detinha, era ainda professor de uma renomada universidade. Uma vez, ao sair da sala de aula, foi abordado por uma aluna:

- Professor, com licença.

E ele, que era solícito, perguntou e se dispôs:

- Pois não?

A aluna estendeu a mão e, conduzindo-o pelo braço, levou-o a um lugar mais reservado. Com um tom mais reservado ainda, foi explicando:

- É que eu queria lhe pedir um favorzinho.

O Sr. L bem que devia ter desconfiado. Mas, como disse, era solícito, e era desses senhores distintos e agradáveis. Então ele continuou ouvindo.

- Eu queria pedir que o senhor fosse o pai do meu filho.

Foi nesse momento que o Sr. L estancou:

- ... (Porque, convenhamos, é impossível dizer alguma coisa de imediato para um pedido desses.)

A moça aproveitou o silêncio e expôs seus motivos:

- É que quero muito ter um filho. E o senhor preenche todos os requisitos para ser um bom pai. Quero dizer, geneticamente, sabe? O senhor é muito inteligente, tem saúde. Eu já não sou tão nova e queria realizar esse sonho. Cansei de romance, de frustração. Cansei de procurar o par ideal. Agora quero só o pai ideal. E é o senhor.

O Sr. L gentilmente lembrou a moça de um detalhe que fazia toda a diferença:

- Minha senhora, sou um homem casado, pai de família.

Como resposta, a aluna pormenorizou o
modus operandis da realização de seu projeto:

- Não, não, não, mas eu só quero mesmo que o senhor seja o pai. Faremos uma inseminação artificial. Sem problema.

Aí não havia mais jeito. O Sr. L, que também tinha muito bom senso, foi firme:

- Minha senhora, sinto muito, mas isso é um absurdo. A resposta é não.

O pior foi que ela ainda insistiu. Entretando, diante da recusa inexorável do Sr. L, recuou e retirou-se chateada.

Anos se passaram sem que o Sr. L reencontrasse a aluna. Até imagino o Sr. L contando essa história entre amigos, acreditando que ela já estava terminada. Mal sabia ele...

Um dia, quis o destino (e um sinal vermelho) que o carro do Sr. L parasse do lado de outro veículo na rua. Nesse tempo, ainda se rodava de vidros baixos na cidade. O Sr. L ouviu um psiu tão insistente que se virou para o outro carro para ver quem o interpelava.

- Psiu!

Era a tal aluna. Quando confirmou que tinha a atenção do Sr. L, a mulher apontou para o banco de trás do automóvel que dirigia. Os olhos do Sr. L acompanharam o movimento e descobriram um garotinho sentadinho bem quietinho, que o olhava também sem entender. Então a aluna disse, com o gosto de quem executa uma vingança:

- Poderia ter sido seu.

E saiu morta de satisfeita, deixando o Sr. L sem palavras:

- ...

Acreditem, isso realmente aconteceu. Não com essas exatas palavras, pois usei da famosa licença poética, mas conheço um senhor que realmente recebeu essa proposta e, anos mais tarde, foi esnobado ao conhecer o rebento que perdera a oportunidade de gerar.

A propósito, se calhar de um dia o Sr. L passar por aqui, um grande abraço para o senhor.

:o)