quarta-feira, 5 de maio de 2010

Quando o Irã censura uma história de amor


Tive um professor de redação que desaconselhava o emprego do adjetivo "interessante". Dizia que nada é mais vago do que um "interessante". Para ilustrar, encenava um diálogo quase assim:
- Que tal o filme, professor?
- É... interessante.
E perguntava: afinal, "interessante" é bom ou ruim?

Não sei. Vai ver que é os dois. Vai ver que não precisa ser nem um nem outro. Só sei que o adjetivo se aplica muito bem para resumir minha opinião sobre o livro Quando o Irã censura uma história de amor, de Shahriar Mandanipour.

Esse foi o primeiro livro que li em 2010. Terminei em janeiro e fiquei sem rumo para escrever um post sobre ele. Acessei hoje o site do autor e vi excertos de várias resenhas deslumbradas com a obra. Do que concluo que o problema sou eu e minhas limitações, aparentemente. Ou talvez seja só aquela velha questão de gosto, que ninguém deveria mesmo perder tempo em discutir.

Minha questão com o livro é bem simples e infantil: tenho um pouco de dificuldade em aceitar os elementos fantásticos que estão presentes na obra. Simplesmente não combinamos, o fantástico e eu. E desconfio que a culpa é toda minha. Tenho uma leitura literal demais das coisas e acabo perdendo o significado do simbolismo que está ali.

Limitações literárias (cognitivas?) à parte, apreciei a forma inteligente como o livro foi escrito e a própria ideia que o gerou. Sem falar que é um mergulho inédito e bem humorado, na maioria das vezes, na cultura e dia-a-dia iranianos. O autor relata fatos curiosíssimos e absurdos, dos quais me lembro particularmente da proibição do uso de gravatas no vestuário masculino, uma vez que apontam para a área dos genitais.

Enfim, um livro interessante.

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