terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Ao bom professor


Há certas coisas cuja importância só percebo quando não as tenho. Somente entendi o valor do sono quando passei uma semana dormindo apenas quatro horas por dia (época obscura do mestrado).

E existem outras coisas cuja relevância se apresenta no momento em que as tenho. Hoje foi um típico exemplo: as aulas de francês começaram, e minha professora é excelente. Voltei a ter ânimo para estudar (disciplina é outra questão).

No fim das contas, por mais que haja a necessidade de sermos autodidatas (sobretudo se cursamos uma faculdade de direito como a que meus amigos sabem que cursei), não há nada que deprecie o valor de um bom professor. Evidente que o aprendizado não depende apenas dele; aliás, essa responsabilidade é mais nossa sem sombra de dúvida. Porém, o bom professor nos motiva a usar essa capacidade de aprender. Não é que ele seja a única motivação externa para o processo de aprendizagem - uma pessoa sozinha, movida pela necessidade de obter um emprego estável, pode estudar e aprender o conteúdo necessário para passar em um concurso. Mas é que ele personifica a motivação externa verdadeiramente vinculada ao processo de aprendizagem; o resto se trata de circunstâncias pessoais que nos impulsionam.

Por esse fato somente, o magistério deveria ser mais valorizado, ainda que fosse apenas para fomentar o desejo de se tomar responsabilidade pelo aprender. Isso assim ocorre porque aprender permite perpetuar profissões e ofícios. Nosso médico, nosso professor de ginástica, nosso psicólogo, ou mesmo o juiz que julgar uma eventual causa nossa no Judiciário; todos eles aprenderam com alguém, que por sua vez aprendeu com outro alguém, e assim por diante. Dessa forma, aos pais que não enxergam a importância de um filho em querer se tornar um professor (e aí vai uma cutucada para todos os meus familiares que nunca me apoiaram), deixo apenas o lembrete que o professor do filho-juiz que os senhores querem ter é tão importante quanto o seu almejado futuro-magistrado-em-família. A remuneração é bem diferente, claro (mas injusto). Mas os senhores, nesta altura do campeonato, também já deviam saber que nem tudo se resume a dinheiro.

Shame on you.


Assim, neste exato momento, penso em todos os bons professores que tive.

E agradeço.

6 comentários:

Rafael Montenegro Assunção disse...

Puxa teka! quem dera que os meus prof na biologia fizessem isso.

nostodoslemos disse...

Bom dia!
Linda postagem!
A educação só mudará verdadeiramente quando o ser humano trabalhar tendo por base o amor a profissão, independente do salário, pois aí então este será pura consequência.
O valor de um bem material é dado por quem o observa.
Faço Pedagogia por puro prazer da aprendizagem, nunca lecionei mas penso seriamente ainda contribuir com um mundo melhor levando um pouco mais de prazer no conhecimento.
Beijos e bom carnaval!

mangapinto disse...

Passei para uma visita e gostei do seu blog. Simples e inteligente. Espero poder voltar mais vezes.

abraços - Mangarosa

Anônimo disse...

Lindo o texto (assim como todos os outros teus q li).
Parabéns.
Beijão.
Israel

Garota D disse...

Certa vez um dos meus profesores preferidos, quando eu o perguntei se gostava de ensinar me disse:
Ensinar é uma cachaça! Vicia e ainda que você queira não consegue!
Eu já fui contaminada e está nos meus planos me tornar professora.Mas quero fazer isso apenas por prazer.

Giovanna disse...

Nossa! Um bom professor faz toda a diferença e a gente nunca esquece... Mas o pior é que esse nosso país-sem-futuro não valoriza educação e saúde! Claro, né, essas áreas não tem força no Congresso! Absurdo!