sábado, 23 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2

Este post saiu com uma semana de atraso, mas saiu, rs.


No final de semana passado, fui assistir ao Tropa de Elite 2. Confesso que estava um pouco desconfiada. É muito comum diretores e roteiristas perderem o rumo na sequência de filmes de sucesso. Acho que interpretam equivocadamente o que teve apelo ao público e investem em elementos que não têm nada a ver com a essência do primeiro longa. Penso que isso aconteceu em Piratas do Caribe por exemplo, e me disseram que igualmente ocorreu com Matrix.

Convenhamos, havia a possibilidade de Tropa de Elite 2 dar muito errado. Poderiam carregar a mão na pancadaria e nas cenas de efeito, poderiam querer aplacar os críticos do filme anterior e "melhorar" o anti-herói Nascimento (Wagner Moura).

Que nada.

Tropa de Elite 2 tem pancadaria e tem Nascimento; aquela na medida certa, este tão politicamente incorreto quanto sempre foi. Em relação aos murros e tiros, nada a comentar, a não ser a qualidade das sequências de ação. Em referência à personagem principal, bem... não tenho outro modo de dizer: Nascimento me diverte tanto quanto o rabugento Dr. House. Sei da diferença abismal entre os dois, sei dos extremos que ocupam (afinal, um mata com gosto; outro salva meio a contragosto), mas ambos prendem meu interesse porque são o que são, sem concessões aos outros, com permissão somente para si próprios.

Também sei que filmes como Tropa de Elite ferem os mais conscientes da importância dos Direitos Humanos. Recordo bem da polêmica que o primeiro longa causou e do risco que ele promove em licenciar mais intolerância do que já existe. Menos em defesa do filme e mais para refletir, ressalto que nenhum extremo é salutar. É que me parece que predominam na cinematografia nacional filmes de contextualização dos criminosos, que demonstram como a miséria e a falta de perspectiva condicionam o homem à violência. Nesse cenário, é fácil perder-se de vista que há um outro lado, talvez até mais multifacetado. Porque mais rico do que avaliar o que leva uma pessoa a entregar-se ao tráfico ou ao roubo, é entender o que não leva outros tantos que vivem na mesma situação a fazer o mesmo. É perceber que, por mais difícil que seja, talvez haja sempre uma escolha. Pode ser um choque ver que pessoas optam em ser violentas - e aí a opção se aplica tanto a bandidos quanto a policiais. E se é justificável contextualizar a realidade de um criminoso, por que não ocorre o mesmo com a de um policial?

Deixando as reflexões de lado, fica o palpite: quem gostou do primeiro Tropa de Elite vai gostar deste também.

3 comentários:

Anônimo disse...

O filme é muito bom mesmo. Fui ver na estreia. Já em 2007, quando li o livro, pensei que se o II fosse filmado, e correspondesse a 2ª parte da ficção, seria fantástico. É raro um filme bater o livro. Para quem gosta do tema, o doc. do J. Moreira Sales, "notícias de uma guerra particular", é excelente. Dá um post :) Sds, Raquel. Henrique.

mariana disse...

preciso dizer que eu prestei muita atenção em tudo, mas fui devidamente desfocada do roteiro pela imagem do wagner moura de quimono.

Raquel disse...

Rs.