domingo, 6 de setembro de 2009

Up - Altas aventuras


Que analisamos as coisas de acordo com nossa história de vida e crenças, isso todo o mundo já sabe. Depois de ler algumas resenhas sobre Up - Altas Aventuras, percebi que, com exceção de um trecho, todos os momentos do filme que tiveram significado especial para mim não foram citados pelos críticos. Na verdade, não há como ser diferente. Para isso serve meu Reflexos aqui.

Up conta a história de um velhinho chamado Carl Fredericksen. Um dia, Carl decide que, em homenagem ao sonho que nutria com sua falecida esposa Ellie, chegará às Cachoeiras do Paraíso, na América do Sul. A novidade é o modo como o septuagenário realiza a viagem: sua casa é içada aos céus por milhares de balões. Mal sabe Carl que tem um passageiro acidentalmente a bordo, o falante (mas a coisa mais fofa) Russel. Depois de alguns incidentes, chegam ao destino da viagem. E aí começa a aventura.

Não pressuponham a partir daí que Up se concretiza como um mero filme de criança. Como é tradição da Pixar, seus filmes alcançam adultos e possibilitam reflexões. Neste longa em particular, minha lição foi o desapego. Carl aprendeu a conviver com a ausência de sua esposa apegando-se a tudo que foi deles. Com isso, estacionou no tempo. A partir do momento em que decide voltar a viver, Carl começa a fazer escolhas, e a principal delas é simplesmente deixar ir. Há uma cena em que, para fazer a casa flutuar novamente, Carl se desfaz de sua mobília. Achei isso a metáfora do desapego: para voar, é preciso abrir mão.

Vinculada à ideia do desapego, está a lição de viver. Outro momento tocante do filme é o recado de Ellie para Carl. Podem não ter conhecido as Cachoeiras juntos, mas viveram muitas outras coisas na companhia um do outro. Foi um tipo diferente de aventura, mas que igualmente teve seu valor.

Falando em valor, para vocês terem ideia do prestígio de Up, a animação foi escolhida para abrir o Festival de Cannes 2009. Imaginam isso? Uma animação americana em um festival sério que se passa na França? Posso dizer uma coisa? Não é à toa. O visual é lindo, o conteúdo é emocionante e engraçado e o trabalho é meticuloso. A Pixar se procupou até com a barba de Carl! Ao longo do filme, ela começa a aparecer, já que o velhinho está ocupado demais para fazê-la.

Por fim, falo de dados interessantes que li nesta resenha de Richard Corliss, e que ressaltam o cuidado da Pixar em compor seus trabalhos. Um deles é o fato de que o desenho das personagens foi elaborado para refletir a personalidade delas. Carl velhinho tem o rosto mais quadrado porque é assim que é, quadrado. Russell, por outro lado, é como um balão, provavelmente por ser tão incontrolável quanto. E mais, ao escolherem o ator Ed Asner para dublar Carl, os roteiristas alteraram as falas do protagonista para adequá-las ao padrão de fala do ator, escolhendo palavras que tivessem mais consoantes e encurtando as frases.


Se posso recomendar um filme, recomendo Up. Já entrou na minha categoria de filmes ternos. E o momento que é unânime entre os críticos quando se fala de lirismo, doçura e dor é a passagem que conta a história de Carl e Ellie juntos. Verdadeiramente emocionante. Podem conferir.

6 comentários:

Garota D disse...

Se eu queria assistir a esse filme antes, agora é que quero mesmo! Não consigo resistir a uma animação bem-feita, ainda mais quanto ela toca tão fundo o coração! Vou pedir para meu pai me levar :)
Beijos!
Saudades, Raquel!

Anônimo disse...

Vi essa animação com nossos amigos de São Bernardo. E como foi bom reencontrá-los!
Up é bom demais mesmo.
E adorei o desenho de abertura daquelas cegonhas. Fantárdigo!
Beijão.
ICL

Marcos disse...

Rachel, achei o lance dele jogar a mobília fora uma das cenas mais metafóricas do filme. ICL, também adorei te encontrar.

Garota D disse...

Assisti ao filme, adorei cada pedacinho, mas nada me conquistou tanto quando o cachorrinho Dug, eu quero um para mim. Minha frase preferida foi: "eu estava escondido na sua varanda porque eu te amo" é algo que eu esperaria ouvir de um cachorro. Como você disse, Raquel, o trabalho foi meticuloso, nos mínimos detalhes. Como li seu post antes de ver o filme, ainda consegui apreender mais coisas. Sobre o desapego, ai, que difícil, mas não tem outro jeito, se não a gente não consegue chegar ao céu!

Unknown disse...

Eiiii.. gostaria de um favor seu.. vcpoderia postar na integra o recado que a Ellie deixa para ele? ... estou precisando...
brigada!

Zuh disse...

http://juuhju.blogspot.com/