sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pobre Carrero World e uma metáfora para os relacionamentos

Começou quando vi Pobre Carrero World:



Engraçado, né? Sorrio toda vez que assisto.

No entanto, o vídeo acabou me trazendo uma questão séria. Lembrei o tempo em que pegava ônibus para ir para a faculdade ou para o trabalho. Um dia me ocorreu como era curioso que, pelo menos até a próxima parada, tantos estranhos tivessem em comum uma coisa: o mesmo destino.

E aí essa lembrança veio neste período em que participo das audiências de conciliação nos processos de Sistema Financeiro de Habitação. Pela primeira vez, vejo as pessoas que estão por trás daqueles processos sofridos contra a CEF. A experiência tem sido um verdadeiro observatório da condição humana. Dentre tantas coisas que presenciei somente nesta primeira semana, me chamou a atenção o caso de uma pessoa divorciada. Coube a ela ficar com o apartamento e a dívida. As amarguras eles dividiram entre si, creio eu.

Imaginei o que era estar no lugar daquela mulher. Como é quase cultural associar o casamento a um sucesso social, será que ela respirou aliviada quando se viu casada antes dos trinta anos? Será que ela pensou que era para sempre? Será que lhe faltou o chão quando viu que não seria?

O que ela fez quando o companheiro saltou do ônibus e ela permaneceu no veículo e o destino em comum que ela julgava longínquo só durou até aquela parada?

No final, isso me intriga. Cedo ou tarde, alguém sempre desce do ônibus antes do que o outro. Já vi um caso de os dois deixarem o veículo na mesma parada, apesar de não ser a que ambos queriam. Também testemunhei gente que não sai do ônibus de jeito algum e fica esperando por anos o outro subir de novo. Há ocasiões em que se pega o ônibus errado, e o jeito é saltar para não perder o caminho certo. Existe ainda quem sobe no ônibus que não devia pegar e só percebe tarde demais. E, por mais triste que seja, às vezes é a morte que leva consigo alguém e deixa outro alguém olhando pela janela, sem rumo, assistindo à saudade passar.

Invariavelmente, alguém sempre desce do ônibus. O destino em comum é interrompido. A expectativa não preenchida dói. O que aconteceu com o itinerário que se queria? Onde está o resto do caminho que ainda cabia na jornada? O que fazer com o caminho que resta?

Então percebo que o importante é saber que há outros ônibus para pegar.

Nem que se tenha de andar a pé um pouquinho.

2 comentários:

b arrais disse...

Massa, esse vídeo. Muita presença de espírito de turma, hehehehe! :D

Sobre a discussão proposto aqui, acho que impermanência é isso aí. Acredito que importante é saber aproveitar as oportunidades... uma hora a gente encontra um passageiro disposto a seguir com a gente até o terminal. ;)

Luciana disse...

Amei o Pobre Carrero!! Hahahaha!!

Achei muito legal o paralelo com as viagens de ônibus. E o importante mesmo é curtir cada viagem, seja a pé, de ônibus, avião... Essa última é meio difícil pra mim, rsrs! ;-)