sábado, 11 de julho de 2009

Querer quebrar

As coisas vinham caminhando nesse sentido, mas somente na semana passada percebi algo.

Todos nós temos padrões de comportamento, ditados por motivações internas que muitas vezes desconhecemos. Há alguns meses, caí na minha própria armadilha: dei uma resposta automática, repetindo um padrão de esquivar-me de situações de "risco" potencial, e acabei perdendo uma oportunidade de tentar algo novo. Era um mecanismo tão visceralmente embutido em mim, que só me dei conta do que fizera minutos depois. E depois teimei em dizer que não havia conserto, mas a verdade é que queria que não houvesse conserto.

A ficha que caiu na semana passada tem a ver com isso. Meu problema já não é tanto reconhecer o padrão; a questão é querer quebrá-lo. Descobri um em particular, que emperra minha vida, mas que simplesmente não quero quebrá-lo, sei lá por quê. Continuar com essa conduta implica abrir mão de outras coisas que desejo, mas permaneço presa a ela como a criança agarrada à saia da mãe.

Porque, se a criança está agarrada à saia da mãe, não há como ter as mãos livres para pegar qualquer outra coisa. Não há como sair da zona de conforto.

Não há como viver.

E então as pessoas poderiam me perguntar "Você não quer viver?" É claro que quero. Só que infelizmente ainda quero viver no mundinho perfeito em que não há dor e frustração. Um dos meus desafios de agora é encarar a vida real de todos os dias e fazer que ela também seja minha.

Para tanto, tenho de quebrar o tal padrão. Entendo que, se quero mantê-lo, é porque "ganho" algo com ele. Só que esse "ganho" vem assim escrito por um motivo: é falso. Sua falsidade somente já deve ser razão suficiente para querer quebrar.

Tudo isso me trouxe à mente uma cena de um dos episódios mais bonitos de Arquivo X. Era ainda a segunda temporada, e Scully estava em coma depois de sua abdução. Seu testamento era claro em não permitir que prolongassem sua vida por meio de aparelhos. Quando os médicos desligaram as máquinas, os autores usaram a metáfora da cena abaixo:



Minha corda também precisa romper-se.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cada vez que vc se pega repetindo um padrão de comportamento, vc não se sente meio ridícula e, talvez, coverde? Eu me sinto, me envergonho até. Por isso acho que basta conhecer o padrão para que se comece a quebrá-lo. E certaemnte ele será rompido mas na hora certa, qdo vc estiver preparada.
Beijão.
ICL

Garota D disse...

Eu compartilho desse mesmo problema.E concordo com o que foi dito no comentário anterior: conhecer o padrão é o primeiro passo para começar a quebrá-lo. Entretanto essa descoberta traz um peso a mais: uma vez reconhecido o problema, se persistimos no erro, a culpa não é mais do padrão, mas unicamente consequência de nossa escolha em continuar seguindo-o. Enquanto lia seu post, a primeira coisa que me veio a mente foi o título de um livro que vi na livro técnico chamado " Pensando fora do quadrado". A habitualidade das coisas nos dá segurança,certeza, e acredito que é por isso que nos esforçamos para criar nossos pequenos rituais diários e nossos padrões de comportamento. É difícil sair de um padrão, porque qualquer mudança é difícil. É preciso se adaptar ao novo padrão que se está desenvolvendo. Mas talvez tudo seja mais simples do que todo esse emaranhado de argumentos que eu tracei acima, talvez tudo se resolva como uma frase:"Sabe de uma coisa: mudei de ideia. Let's do this!"

Anônimo disse...

"Minha corda também precisa romper-se..."

E ela foi lá e FEZ!

bjs