segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Aconteceu na vida real - Eu quero um amor

Esta é para a gente acreditar no poder de nossas escolhas.

Ela sabia o tamanho da decisão e a importância do momento. Quando clicasse aquele botão, diria explicitamente o não que fecharia uma história. Ele fora o primeiro namorado, uma recaída e várias tentativas. Veio ao Brasil por ela. Anos mais tarde, ela foi a Portugal por ele.

Não deu certo.
Agora era hora de extinguir qualquer possibilidade. Bloqueou-o no MSN e no hotmail para não ler mais qualquer linha dele. Dias depois, decidiu que viajaria no fim do ano. Ligou para uma amiga, e concordaram que o Natal seria em São Paulo e o Ano Novo, no Rio.
Na capital paulista, ela e a amiga viveram dias de turista. Nas andanças, passaram por uma loja. A vitrine mostrava uma blusa com listras brancas e vermelhas que ela comprou, sob o incentivo da amiga, para vestir na passagem do ano. Em outras andanças, encontraram uma igreja. Entrou. Ajoelhou-se e permitiu silêncio dentro. Levantou-se, caminhou ao altar da Santa a quem se faziam pedidos, pegou um papel e escreveu:

Eu quero um amor.

Entregou-o aos pés da imagem. Saiu descompromissada com o destino. Viesse o que viesse. Um dia, viria.No Rio, mais dias de turista. Um imprevisto levou a amiga para Belo Horizonte, e ela ficou só. Aproveitou a cidade sobre seus próprios pés.

Trinta e um de dezembro chegou trazendo uma questão. A roupa listrada não parecia mais tão adequada sem o incentivo da amiga. O fundo da mala guardava a blusa de crochê preferida. Decidiu que algo novo no ano novo não precisava ser a blusa, mas a atitude. Era a de crochê que vestiria com os cabelos soltos para variar e desafiar o calor carioca.

Em Copacabana, se arrependeu da liberdade dos cabelos. Os cachos meio que sufocavam a nuca e as espáduas. Muito calor e muito cabelo. Por que não trouxera o elástico para prendê-los?

Aí desistiu de lutar contra as madeixas e a temperatura, sossegou e assistiu ao início da pirotecnia.

- Os fogos tão bonitos, né? Um sotaque carioca perguntou.

Virou-se para descobrir o Carioca que a abordava. Bateu o olho e gostou.
O Carioca já havia batido o olho e já havia gostado, daí porque veio falando de fogos. Conversaram mais e passaram a noite em companhia um do outro. Começava outra história.
A nova história se alongou tanto que hoje ela e o Carioca se encontram casados, com dois filhos. Um dia, ele confidenciou: o que o atraíra de primeira foram os cachos e a blusa. Aquele cabelo bonito e aquela roupa diferente só podiam pertencer a alguém que refletisse a belezura e a originalidade deles.
Ela se admira de como tudo se encaixou, o que confirma suas crenças. Pequenas escolhas, a viagem, a blusa e o cabelo, fizeram a diferença dentro de um contexto que se descortinou graças a uma grande decisão. Bastou largar o velho e aceitar o novo, pedido aos pés de uma Santa, confiado ao Universo. Viesse o que viesse. Um dia, veio.
Adoro essa história. A "ela" é minha amiga e de fato está casada com o Carioca há quatro anos e tem dois filhos. Achei que daria um bom causo para o fim de ano. Afinal, que época é mais adequada para nos lembrar de abraçarmos o novo?

:o)

4 comentários:

b arrais disse...

Muito boa essa história, Raquel! :D

Luciana disse...

Puxa, Ana, que história legal! Sorte da sua amiga e do Carioca! :-D

Anônimo disse...

Sempre achei mt bonita essa história da sua amiga.
Beijão.
ICL

Janaína disse...

Acontece mesmo...