segunda-feira, 14 de junho de 2010

Comer, rezar, amar


O livro não é novo, mas só agora o li. E gostei muito.

Essa é uma das histórias que, se eu fosse recontar, daria um ótimo causo para o aconteceu na vida real. O mais fascinante para mim nessa narrativa é saber que se trata de uma trajetória não-fictícia. O enredo é a vida de uma pessoa de carne e osso, que tenta se soerguer e se equilibrar perante as adversidades como qualquer um de nós.

Para quem não conhece a obra, em Comer, rezar, amar, a autora Elizabeth Gilbert narra sua busca por si mesma enquanto vive na Itália, Índia e Indonésia. Depois de um divórcio desastroso, ela parte para outros continentes à procura de prazer (Itália), Deus (Índia) e equilíbrio (Bali).

Elizabeth tinha supostamente tudo o que uma mulher moderna poderia desejar: sua carreira, um casamento e posses. No entanto, quando chega o momento de tentar engravidar - porque essa é mais uma das "metas" de qualquer casal "bem sucedido" - descobre que não quer ter filhos e que deseja o divórcio. Essa foi a primeira questão de relevo para mim: nem sempre o que a maioria quer é o que você deseja.

Muitas amarguras advêm da decisão de separar-se. Elizabeth mergulha na depressão de tal modo que, uma noite, luta até o amanhecer contra o impulso de cortar os pulsos. A partir daí procura ajuda médica. Esse é o primeiro passo para se ajudar também.

Depois seguem as viagens e os relatos sobre a vida na Itália, na Índia e na Indonésia. Elizabeth sempre se preocupa em transmitir a história e o contexto atual do lugar em que está em cada momento. Particularmente, adorei a terceira parte do livro, que se passa em Bali. São crenças e costumes tão curiosos! E há um episódio muito tocante na Índia, em que Elizabeth faz seu próprio ritual de desapego para libertar-se da culpa que sentia pelo divórcio.

Confesso apenas que, em dado momento do livro, tive de desconstruir uma impressão que se formou e que quase estragou meu prazer em lê-lo. O discurso da autora começou a me parecer auto-ajuda demais. Via as palavras de Elizabeth como se ela usasse suas experiências para licenciar "ensinamentos" sobre o que fazer para ser feliz. Tive de parar e refletir que, na verdade, talvez aquilo estivesse lá muito mais para lembrá-la do que aprendeu do que para ensinar. Aliás, Elizabeth se revela tão falível e vulnerável que dificilmente pode servir de propaganda de si mesma. Sua melhor publicidade se encontra nos acontecimentos que desencadeia toda vez que vence suas dificuldades e padrões. É prova de que o primeiro passo sempre tem de ser seu (nosso).

2 comentários:

b arrais disse...

interessante sua visão do livro, raquel. gostei principalmente de sua interpretação 'discurso auto-ajuda'... eu corro do gênero auto-ajuda. nunca me interessou esse livro ai... mas agora que li sobre ele aqui, confesso que fiquei curioso. :)

Luciana disse...

Que bom que vc leu! Esse livro é massa.