sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

É tudo culpa do Heath Ledger

Meu comentário mais do que repetido sobre o filme Batman - O Cavaleiro das Trevas era o seguinte:

"É excelente. Mas o filme só existe por causa do Coringa. O Batman se redefine por causa do Coringa - é como se ele fosse uma consequência do vilão."

Eu realmente acreditava nisso. Lembrava-me dos anseios de Bruce Wayne por uma vida normal, de sua vontade de ver Harvey Dent se tornar o herói de Gotham City, e pensava que o Batman somente se forçava a continuar na batalha porque o Coringa existia. Cheguei a escrever em algum lugar que o Batman é o que o Coringa não é, e daí cheguei (não sei por que caminhos ilógicos) à conclusão de que o Bem precisa do Mal para se definir.

Pois bem.

Hoje uma pessoa muito inteligente (aquela mesma de outros posts - aliás, vou chamá-la agora em diante Pessoa Inteligente) desconstruiu todo esse modo singular (ela disse) ou equivocado (eu digo) de ver as coisas.

Ela me explicou como o Coringa se regozijava em testar as pessoas e, por consequência, em desmascará-las. Era como se ele dissesse "Ah, você acha que é isso? E se eu apertar esse botãozinho aqui, você continua sendo o que acha ser?" Movido por essa motivação, ele priva Dent e Batman da mulher que amam. Está apertando o botãozinho para ver quem se desconstrói. Dent se torna um vilão. Batman persiste íntegro, mesmo quando tem a chance de deixar o Coringa morrer.

Daí surge a lição de buscarmos nossa essência e de nos tornamos incólumes nela. Harvey Dent foi honesto enquanto as circunstâncias permitiram. Bastou uma dor maior, uma perda verdadeiramente significativa para fazê-lo seguir um caminho diferente. Batman, por outro lado, permaneceu motivado por seu senso de certo e errado, ainda que o resultado fosse interpretado diferentemente pelos outros. Como disse a Pessoa Inteligente, ele bem poderia ter matado o Coringa. Se o houvesse feito, teria sido ovacionado pela população. Mas ele salva o inimigo. Assim como salva a cidade inteira ao assumir os crimes de Dent e deixar imaculada a imagem do promotor. Faz tudo isso porque, ainda que o mundo desabe ao seu redor, Batman sabe quem é, o que o move e o que o sustenta. Conhece o que verdadeiramente é - não há reflexos lançados pelos outros. Sabe sua essência e por isso é inabalável.

Dá vontade de ser o Batman ;o)

Tenho uma desculpa muito boa para justificar toda minha má interpretação do filme (mais grave do que isso, só a ênfase que escolhi dar ao Mal em detrimento do Bem): o maravilhoso trabalho de Heath Ledger. Com um Coringa daqueles, era impossível não me focar nele. Ele me fascinou e horrorizou em todas as cenas.

Estão vendo? É tudo culpa do Heath Ledger.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Ao bom professor


Há certas coisas cuja importância só percebo quando não as tenho. Somente entendi o valor do sono quando passei uma semana dormindo apenas quatro horas por dia (época obscura do mestrado).

E existem outras coisas cuja relevância se apresenta no momento em que as tenho. Hoje foi um típico exemplo: as aulas de francês começaram, e minha professora é excelente. Voltei a ter ânimo para estudar (disciplina é outra questão).

No fim das contas, por mais que haja a necessidade de sermos autodidatas (sobretudo se cursamos uma faculdade de direito como a que meus amigos sabem que cursei), não há nada que deprecie o valor de um bom professor. Evidente que o aprendizado não depende apenas dele; aliás, essa responsabilidade é mais nossa sem sombra de dúvida. Porém, o bom professor nos motiva a usar essa capacidade de aprender. Não é que ele seja a única motivação externa para o processo de aprendizagem - uma pessoa sozinha, movida pela necessidade de obter um emprego estável, pode estudar e aprender o conteúdo necessário para passar em um concurso. Mas é que ele personifica a motivação externa verdadeiramente vinculada ao processo de aprendizagem; o resto se trata de circunstâncias pessoais que nos impulsionam.

Por esse fato somente, o magistério deveria ser mais valorizado, ainda que fosse apenas para fomentar o desejo de se tomar responsabilidade pelo aprender. Isso assim ocorre porque aprender permite perpetuar profissões e ofícios. Nosso médico, nosso professor de ginástica, nosso psicólogo, ou mesmo o juiz que julgar uma eventual causa nossa no Judiciário; todos eles aprenderam com alguém, que por sua vez aprendeu com outro alguém, e assim por diante. Dessa forma, aos pais que não enxergam a importância de um filho em querer se tornar um professor (e aí vai uma cutucada para todos os meus familiares que nunca me apoiaram), deixo apenas o lembrete que o professor do filho-juiz que os senhores querem ter é tão importante quanto o seu almejado futuro-magistrado-em-família. A remuneração é bem diferente, claro (mas injusto). Mas os senhores, nesta altura do campeonato, também já deviam saber que nem tudo se resume a dinheiro.

Shame on you.


Assim, neste exato momento, penso em todos os bons professores que tive.

E agradeço.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Odeio a Rede Globo

Nunca fui daquelas de dizer "Odeio a Rede Globo". A principal causa é que, por mais que isso seja um defeito que ainda não consegui corrigir, sou apolítica, então as diversas manipulações ideológicas apontadas por aqueles que realmente entendem das coisas passam despercebidas por mim. Na maioria das vezes, quando ocasionalmente vejo um trecho de uma novela ou de outro programa, só estranho o fato de que, se aquilo está no ar, é porque alguém deve dar ibope, inobstante a tosqueira exibida (novelas com textos ridículos, atores que deixam os textos mais ridículos ainda, Faustão, Zorra Total, etc.).

Na verdade, a Rede Globo não me atingia mais simplesmente porque deixei de ver TV aberta. Como não tenho mais TV a cabo desde 2006, consequentemente posso dizer que não vejo mais TV, logo o que a Rede Globo fazia não me interessava mais.

Até saber que ela não transmitirá o Oscar.

Justamente no ano em que eu poderia assistir à premiação uma vez que segunda-feira é feriado.

Gente, que raiva. O pior é que, de mãos dadas com minha apolitiquice, anda minha ingenuidade, que não percebera as intenções maquiavélicas da emissora. Somente no blog Diário de Bordo, do excelente Cinema em Cena, foi que percebi a estratégia da Globo: ela compra os direitos de transmissão para engavetar. Se ela não transmite, ninguém mais o faz.

Adorei o fato de que o manifesto que Pablo Villaça (editor do Cinema em Cena) escreveu está exposto em um blog de acesso frequente do mundo hollywoodiano. Villaça sugere que a ABC ou a Academia vincule a compra do direito de transmissão do Oscar à sua efetiva transmissão. Para conferir: http://hollywood-elsewhere.com/2009/02/oscar_dissed_in.php.

Os posts no Diário de Bordo são:

A Globo e o Oscar

Mais sobre a Globo e o Oscar

Estreando na blogosfera...

Olha só, meu irmão agora tem blog também. Para quem curte games e as coisas relacionadas a eles, aí vai:

Minha vida e os jogos

Boa semana a todos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Finalmente Benjamin Button

Há tempos queria ver O Curioso Caso de Benjamin Button. Consegui ontem.


Meus amigos tinham opiniões bem divergentes acerca do filme. Um destestou, outro foi quase indiferente, e a maioria gostou. Faço parte desse grupo agora.

Durante o filme, queria sempre vislumbrar uma razão de ser para Benjamin Button. Por que nascer externamente velho e internamente jovem? O que a história de Benjamin Button me ensina?

Penso que a tensão entre o físico e o não físico está mais presente em Benjamin Button do que em nós. Na infância, seu corpo é uma prisão para seu espírito. Benjamin é uma criança que não pode correr, subir em árvores ou brincar. Na velhice, sua mente se desconecta do vigor de seu corpo. Button, já senil, não possui motivos ou discernimento para aproveitar o que sua constituição física oferece. Essas foram as cenas de impacto para mim, aquelas em que sua condição física o impede ou o castiga (suas mãos feridas pelas muletas após caminhar de volta para casa), ou em que sua mente o deserta (quando não reconhece mais Daisy).

É interessante notar como, nesse jogo de inversos, o equilíbrio é alcançado, perdoando a obviedade, no meio. Apenas na metade de sua trajetória é que físico e não físico se coadunam. O externo reflete o interno.

Interessante ainda como esse meio é também o único espaço de possibilidade para sua relação com Daisy. As personagens são humanas demais para desconsiderar a direção irreversível que suas vidas tomam. Seria irreal Daisy não se incomodar com seu envelhecimento em frente ao rejuvenescimento de Benjamin. Seria superficial Benjamin não experimentar o medo de ser insuficiente como marido e pai ao avançar rumo à sua juventude física. Não é necessário conhecer o início do filme - Daisy moribunda ouvindo a filha ler o diário de Benjamin - para saber que aquela será uma relação com prazo de validade.


Percebi que falei em "relação" e não sentimento. Mesmo distantes, o sentimento perdurou. Até onde pôde perdurar. Foi tão forte que o último momento lúcido de Benjamin é a visão do rosto de Daisy. Será essa a velha lição de Benjamin Button, ensinada de forma diferente porque brinca com a implausibilidade de uma criança-idosa e um idoso-criança? As imperfeições humanas e as circunstâncias findam relações e não o amor?

Para quem acredita nO Amor, talvez aí esteja uma resposta. Não é a minha.

Li algumas resenhas em que se destaca a inexorabilidade do tempo como a síntese do filme. A história do relojoeiro cego e seu relógio da estação de trem parece confirmar isso. Porém, para mim, o maior destaque foi como somente nascimento e morte permaneceram inalterados, a coisa em si. Começo e fim são paradoxalmente semelhantes seja qual for o sentido tomado. No primeiríssimo momento e no derradeiro instante, nem físico e não físico se opõem: é apenas nascer e morrer.

O filme não foi perfeito. Incomodei-me com o velho recurso do flashback; aliás, não com o recurso em si, mas com o modo como foi utilizado. Confesso que tinha criado a expectativa de ver a história contada de uma forma menos tradicional. Desavergonhadamente assumo que não tenho a menor ideia de como ela poderia ser narrada de outra forma, mas os gênios criativos são eles - os hollywoodyanos - e não eu. A história do furacão Katrina não somente foi irritante como despropositada; isso se o único propósito for dar ensejo à cena final, em que se entende que o relógio será submergido em decorrência da catástrofe que abalou Nova Orleans. O beija-flor primeiro me pareceu até bonitinho, fez-me cogitar se o filme também não tratava de pequenos milagres (Benjamin nascer, Queenie conseguir engravidar, beija-flor voar em lugares impossíveis e condições adversas). Depois restou somente a impressão de ser uma tentativa de o filme ter mais um momento bonitinho, e aí o bonitinho caiu por terra e só ficou absurdo mesmo.

Não entendo muito de atuação, mas Cate Blanchett sempre foi uma favorita. Está radiante como Daisy. Brad Pitt, por outro lado, tem um trejeitos mínimos ao atuar que me incomodam, mas gostei imensamente dele neste filme. Com muito pouco além do olhar, demonstra a dor ao ver Daisy nos braços de outro homem ou sua resignação com a morte de Queenie.

Sem falar que continua lindo.

:o)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pachelbel Rant de Rob Paravonian

Este é um dos meus vídeos favoritos no YouTube. Rob Paravonian desabafa toda sua frustação com o Cânon em D do Pachelbel, música muito popular nos EUA em casamentos. Aliás, parece que ela é um pouquinho mais popular do que os ouvidos do Rob gostariam que fosse. Exponho aqui (sem pedir, shame on me) a versão legendada que o Aleh do fatosinuteis.blogspot.com fez:



Também fiz legendas para esse vídeo, mas minha burrice informaticaloide me impediu de inseri-la no clipe. Continuarei tentando.

Há mais sobre as músicas que o Rob canta em:

http://feelingelephants.wordpress.com/2008/01/18/pachebels-rant-dissected/

Fazendo justiça à música, acho uma das mais belas. Seria a minha música de casamento também. É a razão por que quero aprender violino. Tenho quatro versões que tocam repetidamente quando quero relaxar e esquecer o mundo.

No Playlist, encontrei duas versões de que gostei muito. A primeira deixa claro a parte do violoncelo que o Pachelbel compôs e que o Rob Paravonian tanto destesta. A segunda foi tocada no piano e é uma novidade para mim.




Gosto muito desta página http://www.helander.se/stefan/pachelbel/, onde primeiro tive contato com o vídeo do Rob Paravonian.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Renascimento

Descobri o Renascimento em setembro do ano passado por indicação de minha analista. Participei de uma oficina e do Treinamento Básico, ambos oferecidos pelo Centro Osho de Renascimento. Ainda hoje colho os frutos dessas experiências, e, se eles não me parecem tão visíveis agora, é porque deixei novamente o cotidiano ditar certas amarras muito cômodas.

Já vi pessoas torcendo o nariz para essa técnica, e aqui me atribuo a missão de esclarecê-la por meio das palavras da terapeuta Ramyata (mais em Osho Centro de Renascimento):

Renascimento é uma técnica que utiliza conscientemente o processo respiratório para promover a diluição de bloqueios e tensões que contraímos no corpo desde o nascimento. [...] Na década de 70, o norte americano Leonard Orr desenvolveu uma técnica chamada Rebirthing (Renascimento), também conhecida no Brasil como Terapia da Respiração Consciente, que nos ajuda a liberar estes bloqueios, tensões e contrações. Foi constatado que cada ser humano respira de forma diferente, segundo padrões de condicionamentos desenvolvidos a partir do nascimento e da infância. Esses padrões indicam com acuidade os bloqueios emocionais e as limitações no nível de comportamento e expressão criativa que nos afetam. [...] Todas as resistências, memórias .... tudo o que nós contraímos até então, nos fazem fechar para a vida. A magia do Renascimento está em podermos entrar em contato com estes sentimentos limitantes e descontrairmos, liberarmos. Ao fazer isto entramos cada vez mais em contato com o nosso ser, com a nossa essência ... conseqüentemente vivemos uma vida mais consciente, mais real, mais focada no aqui e agora.

Não há como essa técnica ser mais natural: é somente você e sua respiração, sem o auxílio de qualquer substância. Ao praticá-la, talvez a única crença que se abrace é a relação material-imaterial: através do corpo, acessam-se sentimentos e memórias. Geralmente seu produto é um estado de relaxamento e/ou a revelação de certas peças do quebra-cabeças que é a mente. A técnica é segura porque se baseia na sabedoria do próprio corpo. Na primeira vez que fiz Renascimento, senti uma sensação de cansaço significativa. Era meu pobre corpo, a quem teimo em não ouvir, dizendo-me que deveria desacelerar. Na segunda vez, senti uma sensação de bem-estar enorme.

Aproveitando a oportunidade, divulgo as datas da oficina e do Treinamento que ocorrerão em Fortaleza neste ano:

WORKSHOPS
Dias 24,25 e 26 de abril Fortaleza CE
Informações: Clube de Renascimento de Fortaleza

TREINAMENTO BÁSICO EM RENASCIMENTO - TERAPIA DA RESPIRAÇÃO CONSCIENTE
16 A 31 DE MAIO DE 2009 Fortaleza CE

Recomendo a oficina para quem deseja experienciar a técnica com o fim de se autoconhecer e de melhorar a qualidade de vida (e da capacidade respiratória, obviamente). Recomendo o Treinamento Básico para qualquer um que deseje o mesmo acima e ainda uma boa faxina emocional. Sei, por fontes fidedignas, que ocorrerá em um lugar lindo, convidativo à reflexão. Como se pode ler em http://oshorenascimento.com/renascimento/ver/7, o Treinamento Básico aborda os seguintes aspectos:

• Reconhecimento de condicionamentos, crenças e apegos no nível mental, • Compreensão e liberação das contrações nos níveis emocionais e físicos, . Dissolução de apegos, tensões e impressões do passado, desde o nascimento, • Contato e cura da criança interior, • Entendimento de padrões de relacionamentos, • Integração de medos e padrões de controle que limitam a capacidade de viver criativamente.

Por fim, só posso dizer que a recompensa virá na medida de sua entrega ao processo.

E que vale muito a pena.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Êêêêê!!! :o)

Olha só o presente que a Maddie do blog Todo o lixo que eu amo digerir(simplesmente um dos blogs mais engraçados deste mundo virtual) me deu:



Depois vêm as regrinhas:

1 - Exibir o selinho do Blog Olha que maneiro!
2 - Postar o link do blog pelo qual foi indicado.
3 - Indicar e comunicar 10 blogs da sua preferência.
4- Confira se os blogs indicados cumpriram as regras.
5 - Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá uma caricatura em P&B.
6 - Só tá valendo se todas as regras acima forem seguidas!

Os blogs que valem a pena conferir (além do Todo o lixo):

Aurora de Pensamentos
Bagaça Pop
Galera_D
Marcos in SP
Mundo de K
nós todos lemos
Orgônio
Palavras de Osho
Papo Nosense
Will's Scriptorium

Vale a pena visitar também o blog Olha que maneiro, que lançou a campanha. Aliás, acabei de ver que já passou o tempo de pedir a caricatura, mas acho que o selo vale mais. :o)