quarta-feira, 8 de junho de 2011

Os meus três centímetros


Descobri recentemente que tenho 1,58m de altura. Desde que parei de crescer, sempre tive como certo que media 1,55m. De onde os três centímetros vieram, não sei dizer. Deve ter sido resultado de uns dois meses de RPG (a fisioterapia, não o jogo) que melhoram minha postura e desencavaram meu pescoço.

O fato tem mais um detalhe. No ano passado, visitei uma nutricionista. Naquela época, ela já havia anunciado os meus três centímetros de acréscimo. Simplesmente não a ouvi. Achei que me medira errado. Vai ver eu me empertigara além da conta.

Somente agora, com a confirmação de outro profissional, aceitei meus três centímetros. E me perguntei por que duvidei deles. Me indaguei por que continuei dizendo que tinha 1,55m quando isso não era mais a verdade.

Ampliei a questão para abarcar minha vida. Deixei de ser uma pessoa de 1,55m de altura. O que mais deixei de ser que ainda insisto em dizer que sou?

Como resposta, lembro de uma cena que se repete até com certa frequência. Ao chegar no trabalho, é comum dividir o elevador com mulheres altamente produzidas e elegantes. Enquanto aguardamos na fila, percebo em mim a expectativa de um sentimento. É bagagem que trago da adolescência. Tal qual naquela época, espero que, no momento em que entrarmos no elevador e eu me olhar no espelho, me sinta inferior àquelas mulheres. Qual não é a surpresa quando, ao encarar meu reflexo, não encontro mais esse sentimento. Me sinto normal. Me sinto eu.

Isso é um progresso. Palmas, êêêê!!!! :o) Mas permanece a questão de que deve haver ainda vários rótulos e padrões e formas de pensar que não se aplicam mais a mim, embora teime em resgatá-los do descarte.

Tenho de descobrir o que não cabe mais na minha vida.

Aliás, tenho de descobrir o que já não me cabe mais. Afinal, agora tenho três centímetros de acréscimo.

2 comentários:

Luciana disse...

E viva a RPG! Belo insight. :-)

Giovanna disse...

Adorei Quel!
Giovanna